Adalberto: Fala, gata garota.
Sara: Adal, eu estou bem pertinho da sua casa. Vim visitar uma amiga, mas aconteceu um problema aqui e ela vai ter que sair agora. O pior é que eu pedi para o Oswaldo me buscar à noite. Vou ter que fazer hora no shopping.
Adalberto: Não, vem aqui para a minha casa.
Sara: Ué, você está em casa? Você não ia no almoço de despedida da Ane com as meninas?
Adalberto: Ih, Sarita, vem para cá, que a gente te conta aqui.
Ela chegou na minha casa em cinco minutos, morta de curiosidade.
Sara: O que é que aconteceu?
Adalberto: Calma, está com pressa? Me conta primeiro qual foi o problema lá com a amiga, que você foi visitar.
Sara: Ah, uma tia da prima, da irmã, da amiga, da sogra dela morreu. Ela foi lá ver o corpo e amparar a família.
Lu: Que mulher mais papa-defunto essa sua amiga, hein!
Marjorie: Tem gente que adora estar metida num problema. Nunca vi...
Sara: Mas me conta, gente, o que foi que aconteceu na despedida da Ane.
Lu: O Alisteudo é um idiota. Só isso.
Sara: Por quê? Me conta!
Marjorie: A Ane contou que, antes de sair de casa, ela trocou de roupa 17 vezes. Ele não gostava de nada que ela vestia e mandava tirar. Você acredita nisso?
Sara: Não, nem o Oswaldo, que é meu marido, dá palpite nas minhas roupas. Pelo contrário, para ele está sempre bom.
Adalberto: Pois é, e eu ainda fiz a besteira de ir de carona com eles. O cara foi esculachando a Ane daqui de casa até o restaurante, porque ela não tinha encomendado um livro que ele pediu para ela. Uma coisa que podia esperar, sabe? Ele só ia começar a ler o livro depois da viagem. Nem era para agora.
Sara: Esse Alisteudo é um chato de galocha, hein.
Marjorie: Total.
Lu: Você tinha que estar lá para cuspir no prato dele também, Sarita.
Sara: Como assim? Vocês cuspiram na comida dele?
Adalberto: Calma, deixa eu contar. Não estraga a piada.
Sara: Ué, mas é piada ou foi verdade?
Adalberto: Foi verdade. Mas é tão engraçado quanto uma piada.
Marjorie: Uma maldadezinha nossa.
Sara: Conta!
Marjorie: Para começar, ele tratava a gente com o maior desprezo.
Lu: Eu já estava extremamente incomodada, querendo ir embora.
Sara: Jura que ele é assim?
Adalberto: Total assim. Mas deixa eu falar. Ele pediu um prato lá, daqueles chiques, e disse que faltava algum tempero, que ele não estava sentindo o sabor.
Lu: Aí, a garçonete disse que ia trocar o prato. Normal, né?
Marjorie: Mas ele falou supergrosseiramente que se ela cuspisse no prato, ele iria saber e que ela seria demitida.
Adalberto: Aí, eu perguntei para ele como é que ele saberia se ela cuspisse. Mas ele disse que era mentira, que só estava botando um terror na garota.
Lu: Nisso, ele levantou para ir ao banheiro.
Marjorie: E nós invadimos a cozinha do restaurante, garota!
Sara: E aí?
Adalberto: Aí, que a gente formou uma rodinha em volta do prato dele, e assim começou o cospe-cospe.
Lu: Cospe-cospe, não, porque eu escarrei mesmo.
Marjorie: Ai, que nojo.
Adalberto: A garçonete, que ele humilhou, estava com garganta meio inflamada... Garota, ela cuspiu sangue no prato dele.
Sara: Mas e aí? Ele não percebeu?
Marjorie: Nada. O prato levava quiabo cru, tomate... O catarro da Lu foi camuflado pela baba do quiabo. Que nojo!
Lu: Detalhe: depois daquilo, eu fiquei completamente descongestionada, sem saliva. Cheguei aqui com a garganta seca, já bebi uns dez copos de água.
Lu: Detalhe: depois daquilo, eu fiquei completamente descongestionada, sem saliva. Cheguei aqui com a garganta seca, já bebi uns dez copos de água.
Sara: E Ane?
Adalberto: Foi conversar com ele em casa. Ia terminar.
Marjorie: Ela viu que não ia conseguir morar com um louco desses em Miami.
Lu: O cara disse que a gente não ia poder visitar a pobre coitada durante um ano, você acredita nisso?
Sara: Por quê?
Marjorie: Não tem por quê. Ele é doente.
Sara: Jesus, que homem doido.
Adalberto: Pois é, aí ela vai terminar com ele e, depois, vai vir aqui para casa.
Nisso, a campainha tocou. Era ela com o olho cheio de água.
Adalberto: Está chorando, amor?
Ane: Mentira! É colírio, seu bundão. Acha que eu vou derramar uma lágrima, por aquele idiota do Alisteudo?
Lu: Ah, bom! Já ia te dar na cara para você chorar com razão.
Ane: Gente, vamos comigo no camelô da Uruguaiana? Já que não vou mais para Miami, vou comprar umas bugigangas por lá mesmo.
Fizemos a festa na Uruguaiana. Parecíamos pintos no lixo. Foi mais divertido do que se fosse em Miami. Apesar daquela gritaria dos vendedores, do empurra-empurra e da sujeira, com as primas, eu me sinto nas nuvens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário