quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Viagem de Ane para Miami acaba em passeio com os primos pelos camelôs da Uruguaiana

No sábado, eu estava em casa com a Marjorie e a Lu, quando a Sara me ligou.

Adalberto: Fala, gata garota.

Sara: Adal, eu estou bem pertinho da sua casa. Vim visitar uma amiga, mas aconteceu um problema aqui e ela vai ter que sair agora. O pior é que eu pedi para o Oswaldo me buscar à noite. Vou ter que fazer hora no shopping.

Adalberto: Não, vem aqui para a minha casa.

Sara: Ué, você está em casa? Você não ia no almoço de despedida da Ane com as meninas?

Adalberto: Ih, Sarita, vem para cá, que a gente te conta aqui.

Ela chegou na minha casa em cinco minutos, morta de curiosidade.

Sara: O que é que aconteceu?

Adalberto: Calma, está com pressa? Me conta primeiro qual foi o problema lá com a amiga, que você foi visitar.

Sara: Ah, uma tia da prima, da irmã, da amiga, da sogra dela morreu. Ela foi lá ver o corpo e amparar a família.

Lu: Que mulher mais papa-defunto essa sua amiga, hein!

Marjorie: Tem gente que adora estar metida num problema. Nunca vi...

Sara: Mas me conta, gente, o que foi que aconteceu na despedida da Ane.

Lu: O Alisteudo é um idiota. Só isso.

Sara: Por quê? Me conta!

Marjorie: A Ane contou que, antes de sair de casa, ela trocou de roupa 17 vezes. Ele não gostava de nada que ela vestia e mandava tirar. Você acredita nisso?

Sara: Não, nem o Oswaldo, que é meu marido, dá palpite nas minhas roupas. Pelo contrário, para ele está sempre bom.

Adalberto: Pois é, e eu ainda fiz a besteira de ir de carona com eles. O cara foi esculachando a Ane daqui de casa até o restaurante, porque ela não tinha encomendado um livro que ele pediu para ela. Uma coisa que podia esperar, sabe? Ele só ia começar a ler o livro depois da viagem. Nem era para agora.

Sara: Esse Alisteudo é um chato de galocha, hein. 

Marjorie: Total.

Lu: Você tinha que estar lá para cuspir no prato dele também, Sarita.

Sara: Como assim? Vocês cuspiram na comida dele?

Adalberto: Calma, deixa eu contar. Não estraga a piada. 

Sara: Ué, mas é piada ou foi verdade?

Adalberto: Foi verdade. Mas é tão engraçado quanto uma piada.

Marjorie: Uma maldadezinha nossa.

Sara: Conta!

Marjorie: Para começar, ele tratava a gente com o maior desprezo.

Lu: Eu já estava extremamente incomodada, querendo ir embora.

Sara: Jura que ele é assim?

Adalberto: Total assim. Mas deixa eu falar. Ele pediu um prato lá, daqueles chiques, e disse que faltava algum tempero, que ele não estava sentindo o sabor. 

Lu: Aí, a garçonete disse que ia trocar o prato. Normal, né?

Marjorie: Mas ele falou supergrosseiramente que se ela cuspisse no prato, ele iria saber e que ela seria demitida.

Adalberto: Aí, eu perguntei para ele como é que ele saberia se ela cuspisse. Mas ele disse que era mentira, que só estava botando um terror na garota.

Lu: Nisso, ele levantou para ir ao banheiro.

Marjorie: E nós invadimos a cozinha do restaurante, garota!

Sara: E aí?

Adalberto: Aí, que a gente formou uma rodinha em volta do prato dele, e assim começou o cospe-cospe.

Lu: Cospe-cospe, não, porque eu escarrei mesmo.

Marjorie: Ai, que nojo.

Adalberto: A garçonete, que ele humilhou, estava com garganta meio inflamada... Garota, ela cuspiu sangue no prato dele.

Sara: Mas e aí? Ele não percebeu?

Marjorie: Nada. O prato levava quiabo cru, tomate... O catarro da Lu foi camuflado pela baba do quiabo. Que nojo!

Lu: Detalhe: depois daquilo, eu fiquei completamente descongestionada, sem saliva. Cheguei aqui com a garganta seca, já bebi uns dez copos de água.

Sara: E Ane

Adalberto: Foi conversar com ele em casa. Ia terminar.

Marjorie: Ela viu que não ia conseguir morar com um louco desses em Miami.

Lu: O cara disse que a gente não ia poder visitar a pobre coitada durante um ano, você acredita nisso?

Sara: Por quê?

Marjorie: Não tem por quê. Ele é doente.

Sara: Jesus, que homem doido.

Adalberto: Pois é, aí ela vai terminar com ele e, depois, vai vir aqui para casa.

Nisso, a campainha tocou. Era ela com o olho cheio de água.

Adalberto: Está chorando, amor?

Ane: Mentira! É colírio, seu bundão. Acha que eu vou derramar uma lágrima, por aquele idiota do Alisteudo?

Lu: Ah, bom! Já ia te dar na cara para você chorar com razão.

Ane: Gente, vamos comigo no camelô da Uruguaiana? Já que não vou mais para Miami, vou comprar umas bugigangas por lá mesmo.

Fizemos a festa na Uruguaiana. Parecíamos pintos no lixo. Foi mais divertido do que se fosse em Miami. Apesar daquela gritaria dos vendedores, do empurra-empurra e da sujeira, com as primas, eu me sinto nas nuvens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário