domingo, 4 de agosto de 2013

Sara teme a emancipação dos filhos, mas, no final, tudo acaba em brincadeira de carrinho bate-bate

Ontem, eu estava tirando o soninho de depois do almoço no sofá da sala, quando fui acordado por alguém que abria a porta da minha casa. Era a Sara, aos prantos, com a Lu.

Acordei completamente abobalhado, sem saber se, o que estava acontecendo, era sonho ou realidade.

Adalberto: São vocês mesmas?

Lu: Adal, a Sara está arrasada por causa de uma besteira.

Sara: Não é besteira.

Lu: É, sim.

Adalberto: É ou não é besteira, gente? Decide, porque se for, eu vou ficar muito chateado. Eu estava dormindo.

Lu: Para mim, é.

Sara: Porque você não tem filhos. Primo, você acredita que os trigêmeos me disseram que querem sair de casa?

Adalberto: Como assim? Eles ainda vão fazer dois anos no mês que vem e já querem se emancipar? Quem eles pensam que são?

Sara: Pois é, não sei.

Lu: Adal, não foi bem assim. Eu estava lá na casa dela e vi tudo. Sabe aquela vizinha dela, que é uma chata, que não deixa o filho fazer nada?

Adalberto: A Marluce?

Lu: Isso. Essa chata foi chorar lá com a Sara. Ela brigou com o filho e sabe o que ele disse? Que não vê a hora de trabalhar para poder sair de casa. Detalhe: o garoto tem sete anos.

Adalberto: A Marluce é doida, gente. Ninguém aguenta ela.

Lu: Pois é, o marido abandonou na porta do altar não foi à toa.

Adalberto: Mas o que a Sara tem a ver com isso?

Sara: Eu fui no quartinho dos meninos e perguntei para eles: “vocês querem sair de casa?”. E sabe o que eles fizeram?

Lu: Levantaram os dedos. Os três. O Gero era o mais empolgado, coitado. Todo animado, dizendo ”eu, mamãe, eu, mamãe!”. Muito lindinho.

E a Sara chorou ainda mais, ouvindo a Lu lembrar a situação. Que situação!

Adalberto: Você ficou chateada com isso, Sarita?

Sara: Fiquei, Adal. Ninguém está preparada para ouvir isso de filho. Eu saí de casa para casar. Não fiz como vocês, que saíram para morar sozinhos.

Adalberto: Amore, não passou pela sua cabeça que eles só queriam sair de casa naquele momento? Ir à pracinha, brincar no play, sei lá?

Lu: Eu tentei falar isso para ela, mas não tive como. A Sara não parava de soluçar, de tanto que chorava, parecia que ia ter um treco. E quando eu abria a minha boca, ela dizia que não queria saber de nada, que precisava falar com você.

Que lindo! Minhas primas sempre lembram de mim nas horas mais difíceis.

Adalberto: Vamos fazer o seguinte: vamos lá na sua casa, que eu vou conversar com eles.

Não adiantava tentar colocar na cabeça da Sara, que ela tinha surtado sem a menor necessidade. Me despenquei com elas para Niterói, para falar com os trigêmeos.

E foi só botarmos o pé dentro da casa dela, que as crianças começaram a gritar “mamãe, mamãe!”, todos sorrindentes. Já foi meio caminho andado.

Depois, chamei os três no quarto mais a Sara. Sabe aquela situação, quando os pais descobrem que os filhos adolescentes estão fumando maconha, e se trancam com eles no quarto para uma conversa muito séria? Parecia isso. Foi meio patético.

Adalberto: Olham bem no olho do dindo e me respondam uma coisa: vocês querem ir embora dessa casa e deixar a mamãe e o papai sozinhos aqui para sempre?

Gero, Lina e Liana: Não, dindo.

Adalberto: Obrigado, meus lindos. A mamãe vai falar com vocês agora.

Saí do quarto e deixei a Sara sozinha com as crianças. Quinze minutos depois, eles saíram felizes e contentes.

Sara: Adal, a gente vai descer para brincar no parquinho. Vamos com a gente? Vamos Lu?

Topamos na hora. O parquinho do prédio da Sara é ótimo. Tem aqueles carrinhos carrinhos bate-bate, como dos parques de diversão,  que eu adoro. Liguei para a Marjorie e para a Ane, que chegaram logo em seguida.

E esse foi o nosso grande programa de sábado.

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