Ontem, antes de ir pro trabalho, passei na casa da Lu pra pegar o meu laptop, que ela pegou emprestado há duas semanas e nunca me devolveu.
Tinha uma multidão de gente na porta do prédio dela. Achei estranho, mas jamais imaginei que teria alguma coisa a ver com ela.
Quando passei pelas pessoas, que estavam plantadas no portão do prédio, descobri que se tratavam de jornalistas.
Repórter 1: Oi, o senhor vai à casa da menina do 301?
Adalberto: Vou. Como é que você sabe?
Repórter 2: Há quanto tempo ela tá namorando o Olin?
Adalberto: Namorando? Minha prima desencalhou? Tá namorando com quem ela?
Repórter 3: O Olin Batista, filho do Eike Batista.
Adalberto: Não. Só pode ser piada, gente. Dos lugares que a minha prima frequenta, os filhos do Eike Batista passam longe.
Repórter 1: Ela tem interesse na cerreira artística?
Repórter 2: Pretende se tornar uma mulher-fruta?
Repórter 3: Tem histórico como maria-chuteira?
Adalberto: Ah, faça-me o favor! Me dá licença, gente.
Que falta de respeito! Subi pro apartamento da Lu cuspindo fogo.
Lu: Primo, eu tou morta. Cheguei quase agora da night.
Adalberto: Eu sei. a imprensa tá toda lá embaixo, atrás de você.
Lu: Como assim?
Adalberto: Lu, você ficou com o Olin Batista?
Lu: Eu? quem é essa pessoa?
Adalberto: O filho mais novo do Eike Batista com a Luma de Oliveira.
Lu: Por que você tá me perguntando isso?
Adalberto: Porque todos os jornalistas tão aqui no portão do teu prédio querendo saber.
Lu: Meu Deus, mas eu não fiquei com ninguém. Só dei um beijo numa bibinha.
Adalberto: Como assim?
Lu: Eu apostei com as minhas amigas que, quem não pegasse ninguém, beijaria uma bibinha que estava lá se fazendo de homenzinho.
Adalberto: E como era essa bibinha?
Lu: Loirinha, pele bem rosinha, nem baixa nem alta, cabelo liso boi lambeu, camisa e calça juntinha.
Adalberto: Cara, você me descreveu o Olin Batista.
Lu: Eu fiquei com o filho do Eike Batista, então?
Adalberto: Ficou.
Lu: Mas ele é gay?
Adalberto: Não, mas parece.
Lu: E agora?
Adalberto: Não sei. Só vim aqui buscar o meu laptop, antes que você ache que ele é seu.
Lu: Primo, para. Você vai ficar aqui pra me tirar dessa. Lá fora tá muito cheio?
Adalberto: Dá uma olhada ali, da janela.
Lu: Senhor, o que é isso? Adal, o que eu faço?
Adalberto: Não sei. Diz que você só dá entrevista pra Luciana Gimenez.
Lu: Comeu banana? Tu acha mesmo que eu vou na Luciana Gimenez, dizer que eu peguei o filho do Eike Batista, achando que era uma bibinha?
Adalberto: Foge pelos fundos, então, e deixa uma carta, dizendo que você é a Eliza Samudio.
Lu: Tu tá maluco mesmo, né? Aí que não vão mais sair da porta da minha casa.
Adalberto: Lu, eu tenho que trabalhar.
Lu: Já sei, vem cá comigo.
A Lu me pegou pelo braço e me arrastou pra fora do prédio. Desci morrendo de medo.
Lu: Gente, chega aqui, por favor.
E todos os jornalistas se concentraram ao nosso redor.
Lu: Olha só, vocês devem ter feito confusão. Eu não fiquei com filho de Eike Batista nenhum. Eu fiquei com ele aqui.
Adalberto: Comigo?
Lu: Fiquei! Só que ele estava com a peruca loira, que ele costuma sair pra não ser reconhecido na noite. Aí, como estava tudo escuro, alguém deve ter achado que ele era o Eike Batista. Mas o nome dele é Adalberto, ele é casado e a mulher dele morre de ciúme.
Adalberto: O quê?
Lu: É isso mesmo! Você é casado há dez anos. Não se faz de louco, não? Agora, graças a vocês jornalistas, a pobre coitada da mulher dele vai descobrir tudo.
O pior de tudo é que todos os jornalistas acreditaram nela. E foram embora desolados, porque a "grande" notícia do dia não era "verdade".
Subi pro apartamento da Lu, querendo enterrar a minha cara no chão.
Adalberto: Você é retardada?
Lu: Desculpa, primo. Se eu contasse pra você, eu sei que você não ia deixar eu fazer isso.
Adalberto: Claro que não. Você bebeu? E agora? E a minha reputação?
Lu: Ha-ha-ha. Reputação? Você? Primo, faz o seguinte: liga pro teu trabalho, inventa mais uma dor de barriga e vamos encher a cara e, depois, você pensa na sua reputação.
O pior é que eu fiz o que ela mandou. E jamais voltei a me preocupar com a minha reputação. Mas com a ressaca, que resolveu me castigar feio...
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