quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Papai Noel safado vai em cana na noite de Natal

Como um bom brasileiro, deixei para fazer as compras de Natal no dia 23 de dezembro. Fui a um shopping e gastei todo o meu salário do mês, o décimo terceiro e ainda botei algumas contas para janeiro, acreditando que seria o ganhador da Mega-Sena da Virada.

Saí de lá e fui direto para a casa da Sara, onde, no dia seguinte, aconteceria a ceia de Natal.

Sara: Oi, primo, tudo ?

Adalberto: Não.

Sara: O que houve?

Adalberto: Um velhinho, que me ajudou a carregar essas bolas até o meu carro, roubou o meu relógio. Acredita nisso?

Sara: Não. Você deixou um velho te roubar, Adal?

Adalberto: Eles estava armado. Disse que me mataria, se eu reagisse.

Sara: Ainda bem que você não fez nada.

Adalberto: Fiz um boletim de ocorrência na delegacia, só por desencargo de consciência. Vai que, né? Poxa, ele roubou o relógio, que eu mais gostava. Aquele que eu ganhei da promoção, do programa da Ana Maria Braga. Era exclusivo. Só existia ele no mundo. Se aquele velho safado não tivesse botado uma arma na minha cabeça...

Sara: Jesus! A velharada tá perdendo a linha. Hoje, mais cedo, quando fui contratar um Papai Noel pra vir aqui hoje, você acredita que ele ficou me paquerando? Me chamou de gostosa. Por pouco, não bati na cara dele. Respeitei a idade.

Adalberto: Como assim? O Papai Noel não vai ser o meu pai esse ano?

Sara: Ah, primo, não quero ficar dando trabalho pro tio Beto.

Adalberto: E contratou um Papai Noel safado? Meu pai vai ficar chateado. Ele adora ser o Papai Noel da nossa ceia.

Sara: O Papai Noel é safado, mas é velho. E barato. Agora, deixa eu te contar os presentes que eu comprei pras crianças. Me diz o que você acha. Pro Gero...

O telefone tocou, e eu agradeci a Deus por isso. Estava morrendo de sono e precisava tirar um cochilo, antes das pessoas chegarem.

Acordei três horas depois com a campainha. Levantei da cama com muito sacrifício.

Adalberto: Quem era, Sarita?

Sara: O Papai Noel. Ele foi se vestir.

Fiz cara de poucos amigos. Não estava gostando dessa ideia.

Adalberto: Meu pai já sabe, que você contratou um Papai Noel?

Sara: Falei pra ele.

Adalberto: Ele ficou triste?

Sara: Acho que não. Não pareceu.

Quando o Papai Noel safado saiu do banheiro, eu não acreditei no que vi: ele estava com o meu relógio exclusivo no pulso. Quis gritar, chamá-lo de ladrão, safado, bandido, cachorro, sem vergonha... Mas, em vez disso, peguei um facão, em cima da mesa da Sara, e apontei para o Papai Noel safado.

Sara: O que é isso, Adal?

Adalberto: Foi esse safado, que roubou o meu relógio. Olha ali no pulso dele. Liga pra polícia, Sara! Anda! Senão, eu te mato também.

Ameacei a Sara, só pra deixar o Papai Noel safado assustado. Queria que ele chegasse à conclusão de que eu não tenho coração, e seria capaz de matar a minha própria prima, caso fosse contrariado.

A Sara ligou pra polícia e eu encostei a faca na cabeça do Papai Noel safado. Ele ficou paradinho, chorando e me pedindo pra eu não mata-lo, porque ele ainda tinha que ver a família. Pura chantagem emocional natalina.

Vinte minutos depois, os policiais chegaram. Fiz questão de mostrar a cópia do meu boletim de ocorrência pra não dar chance de eles se comoverem com o Papai Noel safado.

Eles levaram o Papai Noel safado preso. E eu fui junto. Precisava recuperar o meu relógio.

Cheguei na casa da Sara quatro horas depois, exatamente à meia-noite, feliz por ver meu pai sendo, mais uma vez, o Papai Noel da família.

Feliz Natal para todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário