segunda-feira, 12 de abril de 2010

Diverticulite é coisa séria e eu não sabia

As meninas foram cuidar de mim no sábado. Minha sinusite bilateral aguda me atacou e eu fiquei de cama o fim de semana inteiro. Não conseguia levantar a cabeça de tanta dor. Até pra rir doía. Pior é que, com elas, rir é inevitável:

Sara: Tadinho, não consegue nem levantar da cama.

Ane: Ainda bem que eu não tenho essas coisas.

Marjorie: Mas, se tivesse, não ia ser assim. Homem faz muito drama, quando tá doente.

Lu: Eu vou fazer cosquinha em você.

Adalberto: Não! Para! Por favor, não faz isso, Lu!

Lu: O que eu vou ganhar em troca, então?

Adalberto: Um pacote de Serenata do Amor. Pode pegar lá na cozinha, na parte do meio do armário, na terceira gaveta.

Lu: Oba!

Sara: Lu, aproveita e vê se a água já ferveu.

Adalberto: Ai, prima, eu não sei se eu vou ter coragem de inalar esse negócio da China.

Sara: Que negócio da China? É buchinha da Índia.

Marjorie: Não vai doer nada, gatinho manhoso.

Ane: É. Você não quer ficar bom? Então, vai inalar a buchinha da Índia, sim, seu bucha.

Lu: Ó, tá pronto. Cheira aqui.

Adalberto: Não. Vai doer.

Ane: Ah, Adal, para de frescura.

Adalberto: Não é frescura. Vocês não tem noção da dor que eu tô sentindo.

Sara: Vocês já imaginaram como seria um homem parindo?

Ane: Depois do parto, as mulheres iam ficar viúvas e com um filho pra criar.

Marjorie: E a taxa de natalidade ia reduzir absurdamente, porque muitos não iam querer engravidar nem por cem pacotes de Serenata do Amor.

Adalberto: Ah, mas não ia mesmo.

Lu: Cheira logo isso aqui, Adal. O negócio vai esfriar.

Adalberto: Espera.

Ane: Que esperar o quê? Se for depender de você, a gente sai daqui só amanhã.

Adalberto: Vocês vão dormir aqui comigo mesmo.

Sara: Eu não vou, não, primo. Não posso dar bobeira com o Oswaldo.

Lu: E eu e a Ane vamo sair com aqueles gêmeos, esqueceu?

Adalberto: Não. Mas eu achava que fosse mais importante que eles.

Marjorie: Eu vou dormir aqui com você, Adal. Deixa elas tirarem o atraso com os supergêmeos.

Ane: Jesuslino e Deusvaldo.

Marjorie: Esses são os nomes das criaturas?

Ane: São.

Adalberto: Eles são irmãos ou pai e filho?

Lu: Irmãos, ué.

Adalberto: Pelo que eu sei, Deus era pai de Jesus. Não irmão.

Lu: Mas Deusvaldo é irmão de Jesuslino.

Marjorie: Eles não têm nenhum irmão, pra mim, não? Aí, a gente fechava com a Santíssima Trindade.

Adalberto: Para, gente. Assim vocês me matam de diverticulite.

Sara: Adal, não brinca com coisa séria. É feio e tá nos Dez Mandamentos da Bíblia, que a gente não pode usar o santo nome de Deus em vão.

Adalberto: Então, vai falar pro Jesuslino e pro Deusvaldo mudarem de nome.

Sara: Não tô falando disso. Tô falando da diverticulite.

Adalberto: A palavra que eu acabei de inventar? Diverticulite, segundo o dicionário Adalberto Monteiro Neto, significa inflamação das células da diversão.

Sara: É, mas segundo o dicionário Aurélio, significa inflamação dos divertículos do intestino grosso.

Adalberto: Mentira que isso existe?

Marjorie: Eu também não sabia que isso existia.

Ane: Eu também, não. Fui saber depois que a Marieta Severo se internou, por causa disso.

Marjorie: Eu não tenho tempo pra assistir programa vespertino de fofoca de televisão.

Adalberto: Nem eu.

Lu: Cheira a buchinha da Índia, Adal.

Adalberto: Só se você fizer um favor pra mim. aliás, você e a Ane.

Ane: Tá bom.

Lu: O quê?

Adalberto: Peçam a Deusvaldo e a Jesuslino que rezem por mim.

Sofri com as cosquinhas que a Lu e a Ane fizeram em mim. Eu odeio que façam cosquinha em mim.

Acabamos deixando de lado a buchinha da Índia. Aquilo, sim, não tinha a menor graça.

Um comentário:

  1. Já tinha lido, mas ainda não tinha comentado... vou partir pras primas do Adal... fogosas e interessantes!!! coitado do Adalllllllll....

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