As meninas foram cuidar de mim no sábado. Minha sinusite bilateral aguda me atacou e eu fiquei de cama o fim de semana inteiro. Não conseguia levantar a cabeça de tanta dor. Até pra rir doía. Pior é que, com elas, rir é inevitável:
Sara: Tadinho, não consegue nem levantar da cama.
Ane: Ainda bem que eu não tenho essas coisas.
Marjorie: Mas, se tivesse, não ia ser assim. Homem faz muito drama, quando tá doente.
Lu: Eu vou fazer cosquinha em você.
Adalberto: Não! Para! Por favor, não faz isso, Lu!
Lu: O que eu vou ganhar em troca, então?
Adalberto: Um pacote de Serenata do Amor. Pode pegar lá na cozinha, na parte do meio do armário, na terceira gaveta.
Lu: Oba!
Sara: Lu, aproveita e vê se a água já ferveu.
Adalberto: Ai, prima, eu não sei se eu vou ter coragem de inalar esse negócio da China.
Sara: Que negócio da China? É buchinha da Índia.
Marjorie: Não vai doer nada, gatinho manhoso.
Ane: É. Você não quer ficar bom? Então, vai inalar a buchinha da Índia, sim, seu bucha.
Lu: Ó, tá pronto. Cheira aqui.
Adalberto: Não. Vai doer.
Ane: Ah, Adal, para de frescura.
Adalberto: Não é frescura. Vocês não tem noção da dor que eu tô sentindo.
Sara: Vocês já imaginaram como seria um homem parindo?
Ane: Depois do parto, as mulheres iam ficar viúvas e com um filho pra criar.
Marjorie: E a taxa de natalidade ia reduzir absurdamente, porque muitos não iam querer engravidar nem por cem pacotes de Serenata do Amor.
Adalberto: Ah, mas não ia mesmo.
Lu: Cheira logo isso aqui, Adal. O negócio vai esfriar.
Adalberto: Espera.
Ane: Que esperar o quê? Se for depender de você, a gente sai daqui só amanhã.
Adalberto: Vocês vão dormir aqui comigo mesmo.
Sara: Eu não vou, não, primo. Não posso dar bobeira com o Oswaldo.
Lu: E eu e a Ane vamo sair com aqueles gêmeos, esqueceu?
Adalberto: Não. Mas eu achava que fosse mais importante que eles.
Marjorie: Eu vou dormir aqui com você, Adal. Deixa elas tirarem o atraso com os supergêmeos.
Ane: Jesuslino e Deusvaldo.
Marjorie: Esses são os nomes das criaturas?
Ane: São.
Adalberto: Eles são irmãos ou pai e filho?
Lu: Irmãos, ué.
Adalberto: Pelo que eu sei, Deus era pai de Jesus. Não irmão.
Lu: Mas Deusvaldo é irmão de Jesuslino.
Marjorie: Eles não têm nenhum irmão, pra mim, não? Aí, a gente fechava com a Santíssima Trindade.
Adalberto: Para, gente. Assim vocês me matam de diverticulite.
Sara: Adal, não brinca com coisa séria. É feio e tá nos Dez Mandamentos da Bíblia, que a gente não pode usar o santo nome de Deus em vão.
Adalberto: Então, vai falar pro Jesuslino e pro Deusvaldo mudarem de nome.
Sara: Não tô falando disso. Tô falando da diverticulite.
Adalberto: A palavra que eu acabei de inventar? Diverticulite, segundo o dicionário Adalberto Monteiro Neto, significa inflamação das células da diversão.
Sara: É, mas segundo o dicionário Aurélio, significa inflamação dos divertículos do intestino grosso.
Adalberto: Mentira que isso existe?
Marjorie: Eu também não sabia que isso existia.
Ane: Eu também, não. Fui saber depois que a Marieta Severo se internou, por causa disso.
Marjorie: Eu não tenho tempo pra assistir programa vespertino de fofoca de televisão.
Adalberto: Nem eu.
Lu: Cheira a buchinha da Índia, Adal.
Adalberto: Só se você fizer um favor pra mim. aliás, você e a Ane.
Ane: Tá bom.
Lu: O quê?
Adalberto: Peçam a Deusvaldo e a Jesuslino que rezem por mim.
Sofri com as cosquinhas que a Lu e a Ane fizeram em mim. Eu odeio que façam cosquinha em mim.
Acabamos deixando de lado a buchinha da Índia. Aquilo, sim, não tinha a menor graça.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
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Já tinha lido, mas ainda não tinha comentado... vou partir pras primas do Adal... fogosas e interessantes!!! coitado do Adalllllllll....
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