quinta-feira, 29 de abril de 2010

Júnior Capixaba, que é baiano, não virou ídolo do Vasco nem da Marjorie

Fui com as meninas à praia num sábado desses de sol:

Adalberto: Sarita, você nõ vai mesmo sair debaixo da barraca?

Lu: Deixa ela, menino.

Sara: Eu odeio sol, areia me incomoda e o sal do mar de dá alergia.

Ane: Ou seja, veio aqui só pelo amor aos primos mesmo.

Sara: O que eu não faço por vocês?

Marjorie: Não dorme lá em casa sem o Oswaldo.

Ane: Não vai pra boate comigo sem o Oswaldo.

Lu: Não vai pro clube das mulheres comigo sem o Oswaldo.

Adalberto: Nossa, isso é um complô contra o Oswaldo?

Lu: Não. A gente só disse o que ela não faz por nós.

Sara: Quando elas casarem, vão ver que o que eu faço é muito.

Marjorie: Sarita, eu te amo, mas eu não vou ser como você é com o Oswaldo.

Sara: Você é a exceção, Jojô. Duvido que a Lu e a Ane iam botar o Júnior Capixaba pra escanteio.

Adalberto: Quem é Júnior Capixaba?

Marjorie: É um baiano lindo que eu conheci.

Ane: Capixaba não é quem nasce no Espírito Santo?

Marjorie: É. Mas ele é jogador de futebol. E Júnior Baiano já tem um.

Adalberto: E de onde vem o capixaba?

Marjorie: Da mãe dele.

Sara: Ela é capixaba?

Marjorie: É. E uma vaca também.

Lu: Por que, meu pai?

Marjorie: Porque eu terminei com ele e ela não aceitou. E agora quer me matar.

Ane: Jura? Que coisa mais rara!

Lu: Quem dera se a mãe de algum namorado meu ficasse puta por eu terminar namoro.

Ane: Geralmente, elas dão graças a Deus.

Lu: Geralmente, não. Sempre.

Sara: Mas o babado com esse foi forte.

Adalberto: A Jojô, no mínimo, achou o cara brega.

Marjorie: Pô, o cara saiu comigo com sapato preto e meia branca.

Adalberto: Não falei?

Ane: Ai, é daí? Eu namorei com um que usava camisa pra dentro da calça jeans.

Ane: Eu namorei com um que usava pochete.

Sara: O Oswaldo usa camisa pra dentro da calça jeans e pochete.

Marjorie: Medo.

Sara: E, na maioria das vezes, ao mesmo tempo.

Marjorie: Eu queria que o meu amor também fosse cego. O cara é gostoso, ia jogar no Vasco e me faz liberar muita ocitocina na cama.

Lu: Que porra é essa que você tá liberando na cama?

Ane: Eu só tenho dois buracos.

Lu: Eu também. Mas me conta, porque se for bom, eu libero também.

Adalberto: Gente, ocitocina é o hormônio feminino do amor.

Sara: Eu não sei se eu libero isso pro o Oswaldo, não. Até porque ele não tá merecendo. Anda mentindo muito pra mim. Acha que eu sou boba.

Ane: Equece o Oswaldo, Sara. Não consigo conceber como uma meia branca conseguiu acabar com uma relação.

Marjorie: Não foi a meia branca. Foi a falta de estilo.

Lu: Tu é estilista pra quê? Dava um trato no cara.

Marjorie: Gente, eu perdi o tesão por ele. Não consigo.

Sara: O cara ficou arrasado.

Adalberto: Agora, jogando no Vasco, ele vai pegar geral e já, já te esquece.

Marjorie: Não, Adal. Ele desistiu da carreira de jogador, por causa de mim.

Adalberto: Como assim? O que você tem a ver com isso?

Marjorie: A nossa família toda é Vasco, né, primo?

Ane: E daí? Ele não pode jogar lá, só por causa disso?

Marjorie: Pode. Mas ele disse que sempre que vestisse a camisa do Vasco ia lembrar de mim e não ia conseguir jogar.

Ane: Gente, eu quero esse homem pra mim.

Lu: Eu também.

Sara: E eu queria que o Oswaldo fosse como ele.

Adalberto: Você não ficou com pena dele, Jojô?

Marjorie: Não. Fiquei com mais raiva. Cara babaca!

Sara: Resumindo: a Marjorie arruinou a carreira promissora do Júnior Capixaba.

Marjorie: Por isso que a mãe dele quer me matar.

Adalberto: Agora, tá explicado.

Lu: Eu, se fosse ela, já teria matado.

Mas como não era, foi tentar correr atrás do prejuízo da prima. Duas semanas depois, soube pela Sara que ela e a Ane pegaram três ônibus pra chegar à casa do Júnior Capixaba, no interiorzaço da Bahia. A Sara disse que elas foram atender a um pedido da mãe dele. Eu não sei como a mãe desse rapaz conseguiu entrar em contato com elas. Nem quero saber, porque no fundo, no fundo, eu tenho certeza que elas é que correram atrás de um golaço.

Parece que os 13 mil habitantes da cidadezinha botaram elas pra correr, quando descobriram que eram primas da fulana que "desgraçou" a carreira do cara, que ia tornar aquele lugarejo conhecido em todo o Brasil, quando começasse a jogar num grande time. O Vasco perdeu um possível ídolo. Mas eu, como sempre, saí ganhando com mais essa história impagável das minhas primas.

2 comentários:

  1. interessante é a harmonia em q escreva a cada dia... as personagens sempre fieis aos perfis desde a primeira cena escrita... gostei muito deste esquete, criativo e com um toque de cada um das meninas.. ao ler todas as esquetes, textos ou cenas, como vc quiser entender, poderá notar a mesma linha de todos... parabéns adal... fico feliz me ser seu "parceiro"... beijão Mar´Junior

    ResponderExcluir