quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ane revive experiêcia simplória

Outro dia, fui com a Ane à casa de uma amiga nossa de infância, a Marcela. Ela estava meio tristinha pelo término de um namoro relâmpago e precisava desabafar com a amiga. Na visita, sem querer, pegamos duas ladras pelo pau, com a licença para o trocadilho:

Marcela: Ela vende tudo o que vocês podem imaginar. Ela tá precisando tanto. Coitada. Fico com pena.

Adalberto: O lance é que eu tô duro. Bati com o carro e morri numa grana com a franquia do seguro, que não estava no meu orçamento.

Marcela: Mas ela deixa parcelar.

Ane: Vamo ver, Adal. Você não é obrigado a comprar nada.

Adalberto: Eu sei. Mas eu detesto frustrar a expectativa de uma pessoa.

Marcela: Mas quem trabalha com vendas tá acostumado com isso.

Ane: Também acho.

Adalberto: O lance é que ela não trabalha com vendas. Ela trabalha com faxina.

Ane: Mamá, chama logo a moça aqui, antes que eu dê na cara desse garoto? Tá me irritando já.

A empregada da Marcela, a Carmen, tinha tralha pra vender que não acabava mais. O pior é o que eu já imaginava: nada me agradou. Ainda bem que a Ane gostou de um celular. Parece que ira igual ao do... Esqueci o nome do carinha:

Ane: Simplório.

Adalberto: Isso! Posso mexer?

Carmen: Pode sim, senhor.

Fiquei fuçando tudo. Tenho essa mania. Quando tenho nas mãos um brinquedinho novo, fico igual a um pinto no lixo. Isso, às vezes, não é bom:

Marcela: Que cara é essa, Adal?

Adalberto: Esse celular é novo?

Carmen: É, sim senhor.

Adalberto: Mas novo de zero bala ou novo de segunda mão com pouco uso?

Carmen: O que é zero bala, senhor?

Ane: Novo. Zero bala é o que nunca foi usado.

Carmen: Então, é isso aí, sim, senhora.

Ane: Me dá isso, aqui, senhor Adalberto.

Quando ela olhou a imagem na tela do aparelho, tomou um susto.

Ane: Gente, esse aqui é o pau do Simplório.

Marcela: Como assim? Deixa eu ver.

A maior surpresa veio com o comentário da Marcela:

Marcela: É dele mesmo.

Ane: Como é que você sabe disso? Marcela, você já ficou com o Simplório?

Pela cara que ela fez, sim.

Marcela: Amiga...

Ane: Eu não tô acreditando nisso. A minha amiga de anos ficou com o cara que eu sonhava em casar. Ladra de homem! E você, sua ladra de celular? Não fala nada? Como é que esse celular chegou até você, sua safada?

Carmen: Eu não sei, não, senhora.

Ane: Não sabe, não, senhora, mas o seu caso eu posso levar pra polícia descobrir. Já a sua vingança, dona Marcela, vira à cavalo. Vou mandar um e-mail hoje mesmo pro Glauco, contando tudo. Vambora, Adal.

O Glauco era o marido da Marcela, que, definitivamente, não devia ter mexido com um homem que já foi da Ane.

Da casa da Marcela, fomos a uma delegacia registrar queixa contra a faxineira. Descobrimos, mais tarde, que a Carmen também era diarista do Simplório. Que mundo pequeno esse!

Adalberto: Tão pequeno que chega a ser simplório.

Ane: Para de bobeira, garoto. Anda logo.

De lá, fomos ao apartamento da Ane, enviar o e-mail pro Glauco, o que, obviamente, acabou com o casamento dele. E, por fim, deixei minha prima na casa do Simplório, onde ela foi entregar o celular e matar a saudade do simplório do Simplório.

No fim das contas, isso tudo foi até bom pra minha prima, que estava sofrendo com o fim de um relacionamento com um carinha, que só queria usá-la. Como os muitos que ela já arrumou nessa vida, né?

Ane: E nada melhor do que curar uma ferida de amor...

Adalberto: Com outro amor que já causou uma ferida, que já cicatrizou.

Ane: Bobo. Eu acho que o Simplório mudou, sabia?

Adalberto: Eu não sei de nada.

Ane: Tá bom, seu chato. Quando eu casar com o Simplório, eu te convido, tá?

Adalberto: E eu vou estar lá no altar, como seu padrinho.

Ane: Acho bom. Agora, deixa eu desligar, que o interfone tá tocando. É ele. A gente vai comemorar um mês de namoro. Beijo.

Esse namoro durou um mês e dois dias.

Ane: O estranho é que anteontem a gente saiu pra jantar, pra comemorar o nosso primeiro mês. E, agora, do nada, ele me ligou dizendo que precisava de um tempo. Estranho, né, Adal?

Estranho, não. Simplório!

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