segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Marjorie e sua experiência metrossexual sem salto

Hoje, lendo uma matéria sobre o metrossexualismo, lembrei de um namorado que a Marjorie arrumou. Isso já tem uns três anos, mas parace que foi ontem que o meu telefone tocou com a notícia:

Marjorie: Tô namorando um carinha da época da faculdade. Silmério o nome dele.

Adalberto: Tá recorrendo ao passado pra desencalhar?

Marjorie: Ridículo. A gente achava que ele era gay.

Adalberto: As aparências, às vezes, enganam.

Marjorie: Que bom, né?

Adalberto: Você tá feliz?

Marjorie: Tô. Acho que, dessa vez, a coisa engrena. O Silmério é pra casar.

Realmente, o Silmério é pra casar. O cara é gente boa. Chato é esperar ele se arrumar. Ele já estava morando com a Marjorie, quando fui jantar fora com eles pela primeira e última vez:

Marjorie: Adal, espera só mais um pouquinho.

Adalberto: Eu já To aqui embaixo há uma hora, esperando so mais um pouquinho Marjorie. Que tanto vocês fazem aí em cima?

Marjorie: O cabelo.

Adalberto: Hã?

Marjorie: O Silmério fez uma hidratação no cabelo dele. Você chegou quando ainda faltavam 15 minutos pra ele lavar a cabeça. Eu falei pra você não chegar antes.

Adalberto: Então, tá bom. Tem 45 minutos que eu tô aqui embaixo esperando vocês.

Marjorie: A gente já vai descer. O Sil acabou de secar o cabelo, vai vestir a roupa e pronto. A gente já desce.

Quinze minutos se passaram e nada. Eu fui pro restaurante sozinho. Uma hora depois chega a Marjorie e o Silmério.

Marjorie: Apressado.

Adalberto: Eu já ia pedir a conta.

Silmério: Desculpa, Adal. A culpa foi toda minha. Você acredita que eu não achei uma roupa decente de noite? Olho só com é que eu tô. Um trapo. Só vim pra não ficar chato.

Como assim um trapo? O cara estava todo bem vestido. Fiquei até com vergonha por ter ido de bermuda. No Rio de Janeiro bermuda pode ser considerada roupe de noite?

Marjorie: O que você quer comer, amor?

Silmério: Não sei. Tô com uma enxaqueca que tá me tirando a fome.

Até então, só tinha ouvido falar que enxaqueca tirava a fome de uma tia fresca minha.

Adalberto: Cara, eu acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Tem?

Silmério: Ai, Adal, eu sou muito sensível a tudo, sabe?

Adalberto: Sei. Quer dizer, sei lá.

Silmério: Eu sou, eu sou.

Marjorie: Mas toma uma sopinha, pelo menos.

Silmério: Não, nem isso, baby. Vou pedir um suco verde.

Não acredito que o cara ficou horas pra se arrumar, pra chegar no restaurante e tomar um suco verde. Blurgt! Isso, sim, ia me dar enxaqueca.

Silmério: Garçom, traz um suquinho verde pra mim, por favor?

Se ele soubesse que o garçom estava todo enrolado, no seu primeiro dia de trabalho, e que ia derramar tudo em cima dele...

Silmério: Não acredito nisso! Quero me matar!

Não parecia. Ele arremessou um monte de prato e talher em cima do pobre coitado do garçom... Os outros garçons e os seguranças do restaurante tentaram conter, mas o cara parecia que estava incorporado.

O pior foi que o prejuízo sobrou todo pra mim. A Marjorie foi embora correndo. Na hora fiquei puto, mas depois, entendi. O dono do restaurante é um dos melhores clientes dela. Ainda bem que ela não tinha avisado a ele que ia.

Na volta pra casa, eu ainda tive que dar carona pro escroto de Silmério. Só fiz isso, porque tinha falado lá pros caras, que ele um primo louco que eu tinha. Não podia dar uma de louco também e deixar ele lá sozinho.

Silmérico: Ai, Adal, me desculpa. Quando eu fico nervoso, eu perco a cabeça.

Adalberto: Eu vi. Você desce do salto e não tem enxaqueca que te segure, né?

Na porta da casa da Marjorie, constatei que ela parou de achar que o Silmério era pra casar. E foi de uma maneira bem prática: arremessando todas as roupas e pertences dele pela janela.

Silmério: Que falta de respeito! Isso não se faz!

Adalberto: Realmente. Quebrar prato em garçom iniciante também não. Desce.

Silmério: Você me ajuda a pegar as minhas coisas?

Adalberto: Claro que não. Você me ajudou a pagar o prejuízo do restaurante?

Silmério: Adal, eu te expliquei. Eu estava descontrolado.

Adalberto: E, agora, quem vai ficar descontrolado sou eu. Vou subir pra casa da minha prima e, se tiver mais alguma coisa sua lá, eu jogo aqui pra baixo.

Sempre quis fazer isso com alguém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário