No sábado passado, marquei um chope com minhas primas, mas cheguei atrasadaço, porque estava num churrasco do Rodrigo Procaci e do Bruno Forever, dois amigos da época do colégio. Quando cheguei, elas já estavam na mão do palhaço de tanto beber. Com exceção da Sara, claro:
Lu: Isso são horas?
Marjorie: Achei que fosse furar com a gente.
Ane: Quando ele tá com os amiguinhos do Martins é sempre assim.
Adalberto: Ninguém tá bebendo?
Marjorie: Eu acabei de pedir mais uma rodada.
Adalberto: Pediu pra mim?
Lu: Claro que não, seu tratante.
Ane: Garçom!
Com os copos devidamente a postos e a consciência perdida, elas revelaram o critério de escolha para votar no candidato a presidente do Brasil. Ah, fui eu quem começou com esse assunto. É que, até o momento, eu não sabia em quem votar:
Marjorie: A gente acabou de decidir isso, Adal.
Adalberto: Mas aqui? Num bar?
Ane: E daí?
Adalberto: Não, ok.
Sara: Adal, mas pelamordedeus, não comenta nada com o Oswaldo, hein.
Na hora, eu não entendi o porquê.
Adalberto: Tá. Então, vocês chegaram a um consenso?
Marjorie: Mais ou menos.
Adalberto: Por que mais ou menos?
Lu: Eu vou votar no Plínio.
Adalberto: Sério?
Lu: Tô falando...
Adalberto: O cara não tem nem um por cento das intenções de voto. Por que isso?
Lu: Por causa do Philipe de Souza Oliveira Lemos.
Adalberto: Como assim?
Lu: Philipe de Souza Oliveira Lemos. PSOL. O partido do Plínio.
Adalberto: Mas quem é esse Felipe?
Lu: O meu primeiro amor.
Adalberto: Mas Felipe não é com éfe?
Lu: Não. O dele é com pê agá.
Adalberto: Você vai fazer uma homenagem pra lee na hora de votar pra presidente?
Lu: É.
Que loucura!
Adalberto: Que criatividade!
Ane: O meu voto é pro... Como é que é o nome do cara mesmo, hein?
Marjorie: Serra.
Adalberto: Você esqueceu o nome do cara que tá bombando nas pesquisas?
Ane: Ah, tô nem aí. Tô bêbada. Cala a boca. Deixa eu falar. Vou votar no Serra, por causa do... Como é que é o nome do safado?
Sara: Pedro Sandro Dantas Braga.
Adalberto: Mas não foi você que namorou com o Pedro Sandro.
Sara: Eu sei. Mas aquele safado não merece homenagem minha.
Ane: Merece minha. Quando a Sara terminou com ele, eu bem tirei umas casquinhas. Nossa, inesquecível, Adal.
Adalberto: É... Tô vendo.
Marjorie: Eu vou votar na Dilma.
Adalberto: Você? Você odeia a Dilma. Outro dia, estava fazendo campanha no Facebook contra ela. Tá louca?
Marjorie: Tô. Vou fazer essa merda pelo Paulo Tavares. Lembra dele?
Adalberto: Não.
Marjorie: Aquele chinês que eu namorei, Adal.
Adalberto: O único chinês que você namorou se chamava Yang Jun Zhu? E não Paulo Tavares.
Marjorie: Você não lembra que, quando veio aquela chinesada toda, cada um deles tinha um nome de um dos apóstolos e o sobrenome do gerente de área lá da empresa deles? O do Yang ficou Paulo Tavares.
Adalberto: Nossa, faz tanto tempo. Eu não lembro nem o que eu comi lá no churrasco do Procaci agora...
Lu: Carne! Você não come ave.
Eu estava tão chocado. Até a Marjorie entrou nessa da Lu e da Ane. Até esqueci que, quando vou a um churrasco, só como carne.
Adalberto: É. Comi carne mesmo. Só carne.
Ane: Que cara de bobo é essa, garoto?
Adalberto: Nada. É a minha cara.
Mal sabia eu que ela ainda ia ficar pior.
Sara: Seguindo essa linha, o meu voto vai pra Marina.
Adalberto: Como assim seguindo essa linha? Que linha? Não tem linha nenhuma aqui. O que tem é gente perdendo a linha.
Lu: Lógico. Cu de bêbado não tem dono.
Ane: Nem linha.
Elas estavam morrendo de rir. Mas a minha ansiedade em ouvir a Sara me fez não achar graça nenhuma.
Sara: Adal, eu vou votar na Marina, por causa do Pablo Vasconcellos. Se esse cara me liga agora, eu largo tudo e vou morar em Londres com ele.
Meu Deus! Ela nem bêbada estava. E o Oswaldo? Agora, entendi, porque ela falou pra eu não contar nada. Ela nunca tinha falado sobre isso comigo. Que momento mais desapropriado!
Lu: Olha a cara desse garoto, gente. Eu vou bater uma foto disso.
Ane: Bate. Eu vou fazer um quadro dela pra espantar os mosquitos lá em casa.
Marjorie: Vai ser mais eficiente do que essas raquetes malditas, que vendem nos sinais.
Realmente. Com a cara que eu estava, o mosquito, de longe, ia se estribuchar no chão de susto.
Ainda bem que vieram outras rodadas de cerveja e, dali a uma meia-horinha mais ou menos, eu já estava rindo de tudo. Com uma cara bem melhor. Cheguei até a pensar em quem eu votaria pra presidente, segundo os critérios de escolha das minhas primas. Mas não deu em nada. E eu saí dali com a firme certeza de que votaria nulo.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
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