terça-feira, 21 de setembro de 2010

Os presidenciáveis dos corações das minhas primas

No sábado passado, marquei um chope com minhas primas, mas cheguei atrasadaço, porque estava num churrasco do Rodrigo Procaci e do Bruno Forever, dois amigos da época do colégio. Quando cheguei, elas já estavam na mão do palhaço de tanto beber. Com exceção da Sara, claro:

Lu: Isso são horas?

Marjorie: Achei que fosse furar com a gente.

Ane: Quando ele tá com os amiguinhos do Martins é sempre assim.

Adalberto: Ninguém tá bebendo?

Marjorie: Eu acabei de pedir mais uma rodada.

Adalberto: Pediu pra mim?

Lu: Claro que não, seu tratante.

Ane: Garçom!

Com os copos devidamente a postos e a consciência perdida, elas revelaram o critério de escolha para votar no candidato a presidente do Brasil. Ah, fui eu quem começou com esse assunto. É que, até o momento, eu não sabia em quem votar:

Marjorie: A gente acabou de decidir isso, Adal.

Adalberto: Mas aqui? Num bar?

Ane: E daí?

Adalberto: Não, ok.

Sara: Adal, mas pelamordedeus, não comenta nada com o Oswaldo, hein.

Na hora, eu não entendi o porquê.

Adalberto: Tá. Então, vocês chegaram a um consenso?

Marjorie: Mais ou menos.

Adalberto: Por que mais ou menos?

Lu: Eu vou votar no Plínio.

Adalberto: Sério?

Lu: Tô falando...

Adalberto: O cara não tem nem um por cento das intenções de voto. Por que isso?

Lu: Por causa do Philipe de Souza Oliveira Lemos.

Adalberto: Como assim?

Lu: Philipe de Souza Oliveira Lemos. PSOL. O partido do Plínio.

Adalberto: Mas quem é esse Felipe?

Lu: O meu primeiro amor.

Adalberto: Mas Felipe não é com éfe?

Lu: Não. O dele é com pê agá.

Adalberto: Você vai fazer uma homenagem pra lee na hora de votar pra presidente?

Lu: É.

Que loucura!

Adalberto: Que criatividade!

Ane: O meu voto é pro... Como é que é o nome do cara mesmo, hein?

Marjorie: Serra.

Adalberto: Você esqueceu o nome do cara que tá bombando nas pesquisas?

Ane: Ah, tô nem aí. Tô bêbada. Cala a boca. Deixa eu falar. Vou votar no Serra, por causa do... Como é que é o nome do safado?

Sara: Pedro Sandro Dantas Braga.

Adalberto: Mas não foi você que namorou com o Pedro Sandro.

Sara: Eu sei. Mas aquele safado não merece homenagem minha.

Ane: Merece minha. Quando a Sara terminou com ele, eu bem tirei umas casquinhas. Nossa, inesquecível, Adal.

Adalberto: É... Tô vendo.

Marjorie: Eu vou votar na Dilma.

Adalberto: Você? Você odeia a Dilma. Outro dia, estava fazendo campanha no Facebook contra ela. Tá louca?

Marjorie: Tô. Vou fazer essa merda pelo Paulo Tavares. Lembra dele?

Adalberto: Não.

Marjorie: Aquele chinês que eu namorei, Adal.

Adalberto: O único chinês que você namorou se chamava Yang Jun Zhu? E não Paulo Tavares.

Marjorie: Você não lembra que, quando veio aquela chinesada toda, cada um deles tinha um nome de um dos apóstolos e o sobrenome do gerente de área lá da empresa deles? O do Yang ficou Paulo Tavares.

Adalberto: Nossa, faz tanto tempo. Eu não lembro nem o que eu comi lá no churrasco do Procaci agora...

Lu: Carne! Você não come ave.

Eu estava tão chocado. Até a Marjorie entrou nessa da Lu e da Ane. Até esqueci que, quando vou a um churrasco, só como carne.

Adalberto: É. Comi carne mesmo. Só carne.

Ane: Que cara de bobo é essa, garoto?

Adalberto: Nada. É a minha cara.

Mal sabia eu que ela ainda ia ficar pior.

Sara: Seguindo essa linha, o meu voto vai pra Marina.

Adalberto: Como assim seguindo essa linha? Que linha? Não tem linha nenhuma aqui. O que tem é gente perdendo a linha.

Lu: Lógico. Cu de bêbado não tem dono.

Ane: Nem linha.

Elas estavam morrendo de rir. Mas a minha ansiedade em ouvir a Sara me fez não achar graça nenhuma.

Sara: Adal, eu vou votar na Marina, por causa do Pablo Vasconcellos. Se esse cara me liga agora, eu largo tudo e vou morar em Londres com ele.

Meu Deus! Ela nem bêbada estava. E o Oswaldo? Agora, entendi, porque ela falou pra eu não contar nada. Ela nunca tinha falado sobre isso comigo. Que momento mais desapropriado!

Lu: Olha a cara desse garoto, gente. Eu vou bater uma foto disso.

Ane: Bate. Eu vou fazer um quadro dela pra espantar os mosquitos lá em casa.

Marjorie: Vai ser mais eficiente do que essas raquetes malditas, que vendem nos sinais.

Realmente. Com a cara que eu estava, o mosquito, de longe, ia se estribuchar no chão de susto.
Ainda bem que vieram outras rodadas de cerveja e, dali a uma meia-horinha mais ou menos, eu já estava rindo de tudo. Com uma cara bem melhor. Cheguei até a pensar em quem eu votaria pra presidente, segundo os critérios de escolha das minhas primas. Mas não deu em nada. E eu saí dali com a firme certeza de que votaria nulo.

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