terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Marjorie se mete numa furada e Ariadna, do BBB, tem tudo a ver com isso

A Marjorie apareceu, outro dia, lá em casa do nada. Estava com uma cara péssima:

Marjorie: Adal, fiz uma merda e, agora, tô morrendo de raiva de mim.

Adalberto: O que foi?

Marjorie: Fiz uma ultrassonagrafia transversal do útero e mandei pro Helenildo.

Adalberto: Tá grávida?

Marjorie: Não. Mas eu posso ficar. E esse é o meu diferencial.

Adalberto: Ele achava que você era estéril?

Marjorie: Não. Achava que eu era transexual.

Adalberto: Como assim?

Marjorie: Adal, depois da Ariadna, do BBB, agora nenhuma mulher é chamada de bicha impunemente.

Adalberto: Alguém te chamou de bicha?

Marjorie: Primo, eu trabalho com moda, esqueceu?

Adalberto: Verdade.

Trabalhar com moda e não ser chamada de bicha é, praticamente, uma afronta.

Marjorie: Foi um personal stylist, que eu encontrei no shopping.

Adalberto: O que é que tem ele?

Marjorie: Ele que fez a merda.

Adalberto: Que merda?

Marjorie: Me chamou de bicha. Agora, o Helenildo tá com medo de estar saindo com um ex-homem.

Adalberto: Marjorie, quem fez a merda foi você em ficar com esse babaca. Um ex-homem é uma mulher. A própria medicina encara a mudança de sexo como uma adequação do físico ao psicológico.

Marjorie: Fala isso pra ele.

Adalberto: Eu, não. Não vou perder meu tempo.

Marjorie: Eu grampeei um bilhetinho na ultra, pedindo uma nova chance pra ele.

Adalberto: Ridículo. Ele já respondeu?

Marjorie: Não.

Adalberto: E você? Não tá com vergonha de si? Tão inteligente. Depois, fala das maluquices da Lu. As maluquices da Lu são coerentes com a Lu.

Pelo menos, na maioria das vezes.

Marjorie: Vou voltar pra casa.

Adalberto: Você veio aqui só pra isso?

Marjorie: Não. Também vim chorar no ombro amigo do meu primo.

Adalberto: Meu amor, vem cá.

Marjorie: Não. Não quero queimar cartucho. Vou chorar em casa mesmo.

Não insisti. Fiquei com um remorso absurdo por ter sido meio frio com a minha prima. Mas concordei com o que ele disse. Ela ia me aguçar a minha escoliose à toa.

Ficamos uns três dias sem nos falar. Essa história me pareceu tão pouco importante, que eu sequer liguei pra saber como ela estava no dia seguinte. E ela, talvez, continuou sem querer queimar cartucho.

Até que, ontem, quando eu acabava de sair de uma sessão de cinema com os meus pais e o Diego, meu sobrinho, ela me ligou:

Marjorie: Pode falar?

Adalberto: Posso. Tô aqui no shopping. Vim com meu pai e minha mãe trazer o Diego pra ver Enrolados 3D.

Marjorie: E aí?

Adalberto: Chato. Mas valeu o programa em família.

Marjorie: Eles estão aí perto?

Adalberto: Não. Estão ali numa lojinha de doce, comprando Kinder Ovo pro Diego.

Marjorie: Eu recebi uma resposta do meu enrolado.

Adalberto: O Helenildo?

Marjorie: É.

Adalberto: E aí?

Marjorie: Ele me mandou uma ultrassonografia transversal do útero de uma putete, que ele também estava saindo.

Adalberto: Esse cara é um babaca mesmo. Agora, pra ficar com ele, a mulher tem que provar que é mulher desde que nasceu, com ?

Marjorie: Acho que sim. De repente, chamaram ela de bicha, sei lá.

Adalberto: Você sabia da existência dela?

Marjorie: Claro que não. Você sabe que não gosto de homem enrolado.

Adalberto: E qual foi o objetivo dele mandar a ultra da outra? Dizer que ela foi mais rápida e pegou o lugar?

Marjorie: Não. Dizer que naquele Kinder Ovo veio com surpresa.

Adalberto: Mentira. A putete tá grávida dele?

Marjorie: Tá.

Adalberto: E você?

Marjorie: Já chorei horrores aqui em casa, mas agora eu quero sair. Me leva pra algum lugar, onde eu possa me exibir pra muito homem?

Adalberto: Só se for agora. Vou deixar meus pais em casa, o Diego na minha irmã e parto praí.

Marjorie: Beleza. Tô te esperando.

Fomos prum pub bem animado, onde a Marjorie pôde sensualizar toda a sua feminilidade psicológica e física (de nascença) pruns carinhas.
Nos acabamos de tanto dançar. E, no dia seguinte, eu não era ninguém. Minha escoliose gritava de dor. Mas não me arrependo. Esse cartucho ainda tem muita carga.

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