quinta-feira, 10 de março de 2011

Elas são o samba!

Passei o carnaval em casa, sem o menor saco pra sair. Vi vários filmes, comi todas as besteiras semiprontas mega engordativas e tomei não sei quantos litros de cerveja. O mais próximo de carnaval que eu fiz foi assistir ao desfile da Vila Isabel pra ver a Gisele Bündchen, que eu jamais consegui enxergar no meio da multidão; a Unidos da Tijuca, que sempre surpreende; a Portela, que é a escola do coração da minha mãe, torcendo pra que ela surpreendesse e deixasse de ser essa escola insossa; e a Beija-Flor, por causa do Rei.

E por incrível que pareça, o carnaval das minhas primas teve algo em comum com cada uma dessas agremiações. Marcamos um almoço, ontem, lá em casa pra assistirmos juntos a apuração:

Marjorie: Adal, lasanha da Sadia é brincadeira...

Adalberto: Ai, gente, sobrou do carnaval.

Ane: Então, a gente vai comer o resto do seu carnaval, é isso?

Adalberto: Não. Vocês vão comer o que eu tenho em casa. Não ia gastar dinheiro com comida se eu tenho em casa.

Lu: Mas lasanha semipronta não é comida. É bate-entope.

Sara: Se você avisasse, eu trazia alguma coisa lá de casa pra fazer aqui.

Adalberto: Ai, gente, vocês não vieram aqui casa pra me contar como foi o carnaval de vocês? Eu já tô fazendo muito em oferecer comida.

Marjorie: Ah, seu cachorro.

Adalberto: Cachorro é o estilista que inventou de te levar pra Semana de Moda de Paris.

Marjorie: Ai, nem me fala. Eu no meio das bibas e o carnaval aqui comendo à solta.

Ane: Mas lá não tem carnaval?

Marjorie: Tem mas nem se compara com o daqui, né?

Sara: E aí? Você fez o que?

Marjorie: Fiquei vendo modelo passando pra lá e pra cá. Fui fazer pesquisa pruma coleção de bolsas que o Lupe Glow quer lançar.

Adalberto: Mas foi legal pelo menos?

Marjorie: Estar em Paris é sempre fenomenal. Mas, dessa vez, eu fiquei tanto tempo, que enjoou.

Bem parecido com desfile da Vila. Acho a Gisele Bündchen um fenômeno. Mas prefiro ela nas passarelas de moda, em que os desfiles não duram nem dez minutos e ela faz, no máximo, duas ou três aparições. Overdose de Gisele no carnaval, com aquelas câmeras da Globo, que vão e voltam ad nauseam, deu uma cansada na imagem da bonitona. Pelo menos, pra mim.

Lu: Eu me mataria se eu tivesse que ir pra Paris no carnaval.

Ane: Ah, eu acho que ia gostar. É uma experiência diferente.

Sara: Também acho.

Lu: Mas experiência diferente em época de carnaval também tem seus limites. E eu já vivi a minha nesse.

Marjorie: Ai, meu Deus!

Adalberto: Carnaval na Bahia é lindo, maravilhoso, mas não tem mais o que surpreender. A única novidade é a rivalidade entre os fãs da Ivete e da Claudia Leitte, motivada pela Guerra Fria entre elas.

Lu: Então, tem outra novidade no carnaval da Bahia, que nem eu sabia.

Ane: Qual?

Lu: O bibeísmo anda a solta por lá.

Marjorie: Mentira. Sifudeu também, prima?

Lu: Não. Quando eu vi que nenhum homem olhava pra mim... Eu com um short que mostrava metade da minha bunda...

Marjorie: Ficou arrasada?

Lu: Não. Fiquei arrasada quando aqueles homens lindos começaram a se beijar.

Sara: E aí?

Lu: Aí, que o álcool é a bebida que faz milagres. Depois que todo mundo fica na mão do palhaço, cu de bêbado não tem dono. Saí pegando as bibas todas.

Ane: Jura?

Lu: Com direito à cópula e tudo.

Marjorie: Adoro cópula. Queria muito ter copulado em Paris, mas isso jamais aconteceu.

Lu: Garota, as bibas me surpreenderam. Fizemos coisas do arco da velha, como diz a tia Neide.

Como a Unidos da Tijuca, que inova a cada desfila, fazendo coisas do arco da velha com tecnologia e criatividade. Os desfiles do Paulo Barros sempre me surpreendem.

Ane: Eu também copulei.

Marjorie: Copulou, prima? E aí?

Ane: Nada demais.

Lu: Como assim nada demais? Querida, você foi pro Pernambuco. Tem que ter dado, no mínimo, prum boneco de Olinda.

Sara: Coragem!

Marjorie: Acho digno.

Ane: Também acho, mas eu fui pra casa do Amadeu. Fiquei com ele lá. Saímos. Fomos pra alguns bloquinhos, mas nada demais. Não foi ruim, mas não foi maravilhoso. Pelo menos, não gastei dinheiro.

Igualzinho à Portela. Fez um carnaval mais ou menos e, pelo visto, sem grandes investimentos orçamentários. Bem basicão mesmo.

Sara: Também não fiz nada demais. Grávida não tem muito pra onde correr.

Marjorie: Como assim, prima? Gravidez não é doença.

Ane: Já falei isso pra ela.

Adalberto: Esqueceu que, na gestação do Diego, minha irmã fazia aula de jump?

Lu: Aí também já acho demais. Camila gosta de desafiar o perigo.

Marjorie: Gente, mas a médica dela deixava. Se o médico deixa, não vejo exagero nenhum.

Adalberto: Eu também, não. Mas era o meu sobrinho naquela barriga pulando. Confesso que eu ficava tenso.

Sara: Eu não queria expor os meus bebês. Eu tô com três na barriga. É mais complicado. Não é um só.

Ane: Aí, você ficou em casa?

Sara: Não. Na mãe do Oswaldo. Foi a maior merda que eu fiz.

Adalberto: Por que, prima?

Sara: Ela defende o Oswaldo em tudo. Ele falava que ia sair, eu dizia que não, mas ela mandava ele ir. Na minha frente! Dizia que ele não casou pra ficar enclausurado dentro de casa.

Lu: Sua louca! Eu te liguei no domingo e você já estava em casa...

Sara: Porque eu voltei antes. Não ia agüentar ficar mais um dia com aquela velha maluca.

Marjorie: O Oswaldo ficou lá?

Sara: Tá maluca? Fiz ele voltar comigo.

Adalberto: O Oswaldo é bem tranqüilo.

Sara: Tranquilo, nada, primo. O homem não quis ficar?

Ane: Mentira.

Sara: Ah, eu tive que fazer a louca e quebrar uma meia-dúzia de enfeite cafona na casa da mãe dele pra fazer ele vir comigo.

Lu: E a velha? Deu na tua cara?

Sara: Ela não é maluca. Eu tô esperando três netos do filhinho querido dela, esqueceu?

Adalberto: Mas já ta tudo bem com vocês, Sarita?

Sara: Claro. Ai dele se ficar de mal comigo. A velha pode ser mãe dele, mas a mulher que atura, que faz comida, que lava, passa pra ele sou eu. E, no fim das contas, ele dá razão pra mim.

Bem no do carnaval da Beija-Flor deste ano. Cheio de emoções.

Marjorie: E você primo, ficou em casa só vendo filme mesmo?

Adalberto: Só. Acho que tô velho. Não tirei os pés de casa. Vocês são as primeiras pessoas que eu vejo nesse feriadão.

Lu: Tu é maluco, garoto. Em vez de sair, aproveitar...

Ane: É. Ver gente.

Marjorie: Pelo menos pra sair um pouco de dentro de casa, ia fazer compras, sei lá.

Adalberto: Caminhar na orla.

Adalberto: Estava com preguiça. Muita preguiça.

Marjorie: Primo, essa sua carinha não me engana. Duvido que você não fez nada.

Tem coisas que eu fiz que não vale a pena contar. E eu sou como o resultado da apuração do carnaval: imprevisível.

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