sexta-feira, 4 de março de 2011

Lu caga no pau num dia em que todo mundo estava sem freio

No fim de semana passado, eu Ane, Marjorie, Lu e Sara fomos para o sítio de uma amiga da Lu, em Itaguaí. O Oswaldo estava viajando a trabalho e a Sara foi a viagem toda reclamando:

Sara: Acho um absurdo a empresa mandar um funcionário viajar com a mulher grávida em casa.

Marjorie: Prima, eles nem pensaram nisso.

Adalberto: É. Não é nada pessoal.

Sara: É, mas eles deviam pensar. Deviam pensar, sim. Eu, hein... Vê se pode uma coisa dessas.

Lu: Adal, para o carro. Quero comprar biscoito polvilho.

Essa devia ser a milésima vez que eu parava o carro pra comprar besteira de beira de estrada. Teve bananada, pipoca de saco rosa (que eu amo!), goiabada, sorvete, docinho, casquinha, pele...

Adalberto: Porra, eu vou chegar com obesidade mórbida nesse sítio. Não vou nem poder enrar na piscina.

Ane: É só você não comer.

Lu: É bom que sobra mais pra gente.

Sara: Eu não aguento comer mais nada. Já comi muita besteira.

Marjorie: Eu queria uma maçãzinha, primo. Será que não rola?

Adalberto: Se você vir algum vendedor, me fala que eu par o carro.

Marjorie: Tá.

A uns cinco quarteirões do sítio, já dentro da cidade de Itaguaí, a Marjorie viu um vendedor de maçã:

Marjorie: Primo, para aqui. Tem um vendedor de fruta ali na frente.

Adalberto: Eu não paro mais em lugar nenhum. Tô com uma dor de barriga aqui, que é mais forte do que eu.

Lu: Ah, garoto, para aqui rapidinho.

Adalberto: Não. Vocês podem vir andando. É pertinho. Olha, é melhor vocês não pedirem pra eu parar, não, hein. Ou a merda vai feder aqui nesse carro.

Sara: Então, não para, primo.

Ane: Vai na fé.

Lu: Eu também tô com dor de barriga. Mas, diferente do Flamengo, eu tô com freio.

Adalberto: Eu tô sem freio; quase me cagando aqui.

Ane: Ai, que cheiro podre é esse?

Adalberto: Um indício da minha grade necessidade.

Ou seja, eu peidei.

Marjorie: Corre, Adal, pelamordedeus!

Ane: Gente, não tô conseguindo respirar.

A Lu ainda demorou uns dois minutos para tirar a chave da bolsa, o que me deixou apreensivo:

Adalberto: Gente, eu tô achando que as Olimpíadas de 2016 vão acontecer antes da Lu enconrar a chave desse portão.

Marjorie: Pior é que, agora, também tô sentidno vontade de ir ao banheiro.

Ane: Eu também.

Sara: Eu também.

Lu: Achei!

Fui correndo tão rápido pro banheiro, que qualquer Claudinei Quirino perdia fácil pra mim nessa disputa. Quando acabei, fui dar a notícia desagradável:

Adalberto: Gente, o banheiro tá sem água. Ninguém entra lá, por favor.

Marjorie: Como assim? Eu também tô aqui no desespero já.

Adalberto: Bom, quem avisa amigo é.

Sara: Primo, eu também preciso muito ir a banheiro. Esqueceu que eu como por quatro agora?

Marjorie: Quatro?

Sara: Eu e mais três, ué.

Marjorie: Ah...

Ane: Eu também não tô me aguentando.

Lu: Eu ainda consigo segurar um pouco.

Adalberto: Meninas, fiquem à vontade. Eu fiz a minha parte.

Marjorie: Putz, e fez muito mal a sua parte, hein, primo. Gente, o banheiro tá interditado. Não tem a menor condição da gente entrar lá. O Adal cagou no pau.

Adalberto: No pau, não. Caguei no vaso mesmo.

Ane: Gente, que furada esse nossa vinda pra cá, hein.

Marjorie: Lu, a sua amiga não falou nada, que aqui costuma faltar água?

Lu: Não, gente. Ela emprestou a chave da casa, o que já é muito, né?

Adalberto: Ficar numa casa sem banheiro é a mesma coisa que ficar debaixo da ponte.

Sara: Também acho.

Ane: Gente, banheiro é umas das coisas mais importantes de uma casa.

Marjorie: Lu, você devia ter visto isso.

Lu: Gente, se vocês não estão satisfeitos, pode ir embora.

Marjorie: Tá bom. Vamobora, Adal?

Adalberto: Como assim?

Ane: A gente precisa cagar. Não dá pra ficar aqui.

Adalberto: Lu, você vai com a gente?

Lu: Não. Mas pode ir. Eu pego um ônibus.

Adalberto: Ah, não. Você veio com a gente, vai voltar com a gente.

Marjorie: Adal, eu concordo com você. Mas dentro de uma situação normal. O problema é que, aqui, tá todo mundo sem freio.

Lu: Menos eu.

Ane: Então, tchau, meu bem.

Lu: Tchau, ué. Ainda não foram.

Adalberto: Você vai ficar chateada comigo?

Lu: Claro que não. Chateada é pouco. Eu tô é puta com você e com essas lambisgoias, que fizeram eu me despencar do Rio pra cá e vão embora, assim, por besteira. Eu podia ter trazido outras pessoas, tá? Mas, não, escolhi vocês. Uma burra que eu sou.

Sara: Lu, a gente não tá indo embora por besteira.

Adalberto: Claro que estão. Bananada, goiabada, sorvete, pipoca de saco rosa e biscoito de polvilho são o quê? Besteira, ué.

Marjorie: Adal, cala a boca.

Eu obedeci. Uma mulher nervosa e com dor de barriga é pior do que mulher de bigode.

Paramos num sítio vizinho pra implorar, pelo menos, pra Sara, que tá grávida, um banheiro. O lugar não poderia ter sido melhor. Parece que foi escolhido a dedo. Estava tendo um churrasco de formatura de Medicina de uma faculdade, que eu já me esqueci o nome.

Bebemos, comemos, cagamos, dançamos, tomamos banho de piscina, rimos, cagamos mais, dormimos... Ah, foi muito bom.

Horas depois, lembramos de ligar pra Lu. Coitada. devia estar passando mó aperto lá no sítio fedido e sem água.

Adalberto: Amore, a gente veio parar aqui no sítio ao lado. Tá rolando mó festa aqui. Vem pra cá.

Lu: Vou, não, primo. Brigada.

A voz dela estava muito boa. A Lu negando ir a um churrasco, cheio de gente... Achei estranho. Mas já estava tão bêbado que não pude dar maior importância ao caso.

A gente acabou ficando o sábado inteiro por lá mesmo e só voltamos pra casa no domingo, depois do almoço. Tentamos ligar pra Lu, mas o celular dela estava fora da área. Fomos ao sítio em que ela estava, mas parecia não ter ninguém.

Ane: Ela, com certeza, foi embora ontem mesmo. A Lu é orgulhosa, Adal. Ela não ia contar pra gente esse fracasso.

Realmente, não. Até porque, de fracasso, não teve nada.

Na segunda, quando consegui falar com ela, fiquei sabendo de tudo:

Lu: O número da casa estava meio apagado na chave. Eu ache que era 37, mas era 87.

Adalberto: Não acredito. E como você descobriu?

Lu: Fui pro meio da rua pra saber se a falta d'água era geral ou se era só lá no sítio.

Adalberto: E aí você descobriu que estava no sítio errado.

Lu: Por um Deus grego, o Indiomar.

Adalberto: Sério? E aí?

Lu: Passamos o fim de semana inteiro juntos. O sítio da minha amiga é uma maravilha. Tem tudo o que você pode imaginar. Até tirolesa tinha. Amei. Aproveitei pra fazer minha lua-de-mel. Agora, só falta casar.

Adalberto: E a gente lá no churrasco de uns formandos de Medicina, achando que você estava passando o maior perrengue...

Lu: Tadinhos. Enquantos vocês se esbaldavam com a carne dos médicos, o Indiomar brincava de médico com a MINHA carne.

Adalberto: Ah, sua vaquinha!

Lu: Viu que, comigo, não tem erro, né?

É... Essa, sim, cagou no pau. E sem freio.

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