A Marjorie teve um relacionamento relâmpago de três semanas com um garoto de programa. Não me esqueço a euforia dela no dia em que ficou com o tal do Efulcínio.
Marjorie: Adal, hoje eu ganhei um prêmio.
Adalberto: Que bom, Jojô. Qual foi a bolsa premiada?
Marjorie: Que bolsa, garoto?
Adalberto: Você é designer de bolsas...
Marjorie: Mas nenhum prêmio de moda ia me deixar tão feliz quanto a façanha em ter ficado com o Efulcínio.
Adalberto: Quem é esse palavrão?
Marjorie: É um garoto de programa lindo, que eu conheci. Tem noção do que é ficar com um garoto de programa? O cara cobra para sair com todo mundo, mas comigo... É de graça! Para tudo, primo! Eu estou me sentindo a mulher mais gostosa do mundo!
Adalberto: E como vocês se conheceram?
Marjorie: Num posto de gasolina.
Adalberto: Você pediu para ele encher o tanque?
Marjorie: Não, seu cachorro! Eu não sou tão desprendida, assim, como a Lu. O meu cartão de débito não passava. Ele pagou para mim. Fomos para a minha casa, para eu dar o dinheiro para ele e tudo aconteceu.
Adalberto: Tudo o quê?
Marjorie: Aí, você já está querendo saber demais. O importante é que o Efulcínio é um garoto de programa. Isso é currículo, sabia? Fiquei com um garoto de programa e não paguei.
Adalberto: Só que esse nome dele não é nada curricular. Prefiro Adalberto.
Marjorie: O nome de trabalho dele é Rick Feroz.
Adalberto: Melhor que Efulcínio.
Marjorie: Eu namoraria com ele fácil.
E namorou até ontem, quando ele me ligou para dar a triste notícia.
Marjorie: Terminei com o Efulcínio.
Adalberto: Por quê?
Marjorie: A minha cabeça não trabalhou bem esse negócio de ele transar com todas as mulheres do Rio de Janeiro. Fora que não sobrava quase tesão para mim.
Adalberto: Ah, não foi você que disse que era bom namorar um garoto de programa, porque eles, sim, sabem dividir as coisas, separar o que é sexo e o que é amor?
Marjorie: Disse, sim. Mas o problema é que eu não soube fazer essa separação. E pirei.
Adalberto: Eu não sei como você aguentou tanto tempo.
Marjorie: Nem eu. A primeira semana ainda foi meio que novidade.
Adalberto: Claro. E você ainda estava com o ego lá nas alturas por estar namorando um garoto de programa.
Marjorie: A segunda já foi chata. A terceira pior ainda. E o ponto final foi porque ele ficou com a minha maior concorrente.
Adalberto: A Claudinha Sofia?
Marjorie: Exatamente.
Adalberto: Como você descobriu?
Marjorie: Ele o deixou lá em casa, quando eu estava chegando do trabalho. Vi na hora que ele saiu do carro dele. Queria fazer um escândalo, dar um ataque de ciúme...
Adalberto: E porque não deu?
Marjorie: Porque, para ele, ela é uma cliente como qualuer outra. Eu tive que engolir aquilo em seco, Adal.
Adalberto: Você é uma heroína.
Marjorie: Não sou, não. Não consegui mais transar com o Efulcínio, depois disso.
Adalberto: Melhor assim. Garoto de programa, agora, só no currículo! Vê se agora namora alguém com uma profissão, que tenha mais a ver com você.
Marjorie: Não, Adal, isso não existe. Uma profissão que tem mais a ver comigo? Estilista. Você conhece algum hétero, gato e que não seja casado?
Essa foi a pergunta mais difícil que a Marjorie já me fez.
Adalberto: Eu não sou dessa áre, Jojô. Mas deve ter algum, sim.
Marjorie: Adal, o mais importante é o amor.
Pior que é verdade. Não importa se é garoto de programa, gari, office boy ou pedreiro. Contanto que faça a minha prima feliz e fique bem longe da Claudinha Sofia... Aí, vale tudo.
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