sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Farinha pouca mas deu pirão para Ane e Lu

Hoje, feriado de 7 de setembro, eu podia acordar tarde, porque não trabalho, mas a Ane fez as vezes do meu despertador e acabou com a alegria de um pobre trabalhador em dia de folga.

Adalberto: Fala, Ane.

Ane: É assim que você atende a sua prima mais querida?

Adalberto: Quem disse que você é a minha prima mais querida?

Ane: Ah, não sou?

Adalberto: Bem, depois de me acordar em pleno feriado, acho que você foi para o final da lista.

Ane: Ah, é seu cachorro? Eu só não bato o telefone na tua cara, porque tenho que te pedir um favor.

Adalberto: É só para isso que eu sirvo...

Ane: Adal, você é dramático.

Adalberto: Fala logo o que você quer, Ane. Quero tentar voltar a dormir.

Ane: A Lu está presa lá na delegacia do Méier. Paga a fiança e tira ela de lá, para mim, por favor?

Adalberto: Como assim?

Ane: Ela ficou com um carinha lindo, que a gente conheceu numa festa anteontem.

Adalberto: E eu com isso?

Ane: Depois de tudo o que rolou, quando eles acordaram na casa dela, ontem de manhã, o cara resolveu contar que era um profissional do sexo e que o programa custava dois mil reais.

Adalberto: Mentira! E ela?

Ane: Quebrou um vidro de palmito cheio na cabeça do malandro e foi parar na delegacia.

Adalberto: E por que ela não me ligou?

Ane: O celular dela estava descarregado, e o único número que ela sabe de cabeça é o meu, que é fácil de decorar.

Adalberto: E por que você não me ligou, então? Deixou ela dormir na cadeia?

Ane: Porque eu me esqueci. Tanta coisa na minha cabeça...

Adalberto: Mentira.

Ane: Porque eu acho que ela devia pagar pelo que fez, Adal. Um dia na cadeia vale há anos de aprendizado.

Adalberto: Mentira.

Ane: Porque eu não queria te incomodar.

Adalberto: Mentira! Aliás, essa é a maior mentira da sua vida. Ane, acabaram as suas tentativas de me enganar. Está na hora de falar a verdade.

Ane: Tinha uma festa ontem que eu não queria que ela fosse. Pronto!

Adalberto: E o motivo?

Ane: Adal!

Adalberto: O motivo é homem, claro. Quem é o carinha?

Ane: O Aderbaldo. Se ela fosse, eu tenho certeza que ela ia fazer de tudo para ficar com ele. Ela me contou que é louca para sair com ele. Mas eu já estava de olho nele antes e ela sabia disso.

Adalberto: Isso não justifica.

Ane: Claro que justifica, primo. Farinha pouca, meu pirão primeiro.

Pior é que eu entendo ela. Essa é a lei de selva feminina. O que eu não aceito é essa disputa entre primas que se amam.

Adalberto: Isso não existe, Ane. A Lu é sua prima e, sobretudo, sua amiga.

Ane: Por isso que eu estou te ligando a essa hora de um feriado. Não deixa a minha priminha naquele lugar sujo, Adal. Eu já rezei por ela e tudo.

Pior é que isso me emociona.

Adalberto: Você conseguiu pegar o Aderbaldo pelo menos?

Ane: Consegui. Mas já botei para correr daqui.

Adalberto: Por quê? Não foi bom?

Ane: Foi ótimo. Mas ele quer namorar comigo.

Adalberto: E você não quer?

Ane: Até queria. Mas eu não ia fazer isso com a Lu. Ela também gosta dele e ia acabar se afastando de mim. Eu não vou perder uma prima amiga por causa de homem. Amigo verdadeiro vale mais do que dinheiro, Adal. Quebra essa para mim. Tira ela de lá.

Adalberto: E por que não vai você mesma?

Ane: Ela vai querer me matar, porque eu não a tirei de lá ontem. Você vai falar que eu estou em casa muito doente e que só tive forças para te ligar hoje.

Adalberto: Eu não sei mentir, Ane.

Menti.

Ane: Nem pela amizade das suas primas queridas?

Adalberto: Está bem. Mas é só pela paz na família, hein.

Ane: É por isso que eu te amo, primo.

Quando cheguei à delegacia, a Lu estava saindo da prisão com acompanhada de um carinha. Apurei a história e descobri que o bonitão era o Aderbaldo, que tinha recém-saído da casa da Ane. Que safado! Como ele descobriu que a Lu estava presa? Será que a Ane contou para ele? Será que foi a Lu que descobriu tudo? Será que foi o Aderbaldo que pagou a fiança da Lu? Ou será que tudo isso é uma grande coincidência e não tem nenhuma mente maliciosa por trás disso? Será que sou eu que estou ficando louco?

Me deu preguiça para tentar entender o que aconteceu...

Sabe de uma coisa? Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Fui embora sem eles me verem. E, dessa, a Ane jamais ficará sabendo. Assim, como a Lu jamais saberá o que a Ane esteve com o Aderbaldo no dia anterior e deixou-a para trás. E paz permanece na família.

Tudo pela amizade das minhas primas queridas!

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