sábado, 27 de abril de 2013

Ane se mete em furada cristã ou Habemus furadam

Ontem, eu voltei do trabalho mais cedo para descansar, mas a Ane veio para a minha casa e acabou com a minha paz.

Ane: Você não vai acreditar.

Já sabia que era bomba.

Ane: Eu vou me hospedar na casa de um gatinho para o JMJ amanhã.

Adalberto: O que é JMJ?

Ane: Jornada Mundial da Juventude.

Adalberto: Ué, esse não é o que a minha mãe e o meu pai se cadastraram para receber gente?

Ane: Esse mesmo.

Adalberto: E para que você se cadastrou, se vai ser no Rio? Fora que é só lá para o meio do ano, não é?

Ane: Porque a Lu me contou desse gatinho lá da igreja dela. Aí, eu me cadastrei no site, ela perguntou para ele se ele podia me ajudar, e ele aceitou.

Adalberto: O cara não teve a brilhante ideia de perguntar por que você não podia ficar na casa da Lu, não?

Ane: Ele perguntou. Mas ela disse que está fazendo uma obra em casa e que está ficando na casa de uma amiga.

Adalberto: Meu Deus, vocês não valem nada.

Ane: É a vida...

Adalberto: Que vida nada! Sossega um pouco. E quando você menos esperar, alguém bacana vai aparecer.

Ane: Duvido. Quem espera nunca alcança. Eu estou correndo atrás. Amanhã, eu tenho certeza, vai ser o dia mais feliz da minha vida. Eu vou conhecer o meu amor.

Adalberto: Mas você já vai mesmo amanhã?

Ane: Vou. Eu disse que precisava vir ao Rio antes para conhecer a cidade. Falei umas besteiras, de que comentam que é muito perigoso, blablablá e que eu vou ver com os meus próprios olhos e decidir se trago a minha vozinha comigo para o JMJ ou não. Fiz a pudica, primo.

Adalberto: Com esse seu sotaque de carioca?

Ane: Mas que sotaque de carioca. Eu sou do interior.

A Ane falando igual a uma pessoa do interior ficou péssimo. Parecia que ela estava falando outro idioma.

Adalberto: Bom, como qualquer coisa que eu te falar não vai adiantar nada, liga para mim se der merda.

Ane: Obrigada. Vai dar tudo certo. Vou te ligar para falar do meu casamento.

Hoje, às 10h, ela me ligou. Me acordou!

Adalberto: Quando é o casório?

Ane: Vem me tirar daqui pelo amor de Deus, primo.

Adalberto: Ué, não gostou? Não encontrou o amor para a vida toda?

Ane: Para de deboche, por favor. O Edelvaldson não mora sozinho. Mora com a mãe, pai, cachorro, avó, avô, um monte de primo. Não sei por que ele anunciou vaga para o JMJ, se o único espaço que sobrou para eu dormir foi o corredor da sala.

Adalberto: Cristão, meu bem. O rapaz tem coração. Até o corredor da sala da casa dele serve para acolher. Que bonitinho...

Ane: Você vem me buscar?

Adalberto: Vai desistir mesmo do gatinho?

Ane: Ele até é gatinho mesmo, mas tem uma hérnia na barriga maior do que a minha cabeça. Quando ele me abraça, aquele negócio me empurra. Me dá um nervoso isso... Fora que ele beija o cachorro sujo dele na boca. Que nojo!

Que furada!

Adalberto: Beleza. Eu só vou terminar de limpar o meu quarto e te pego. Me passa o endereço por mensagem.

Ane: Não faça isso comigo! Eu acordei às seis da manhã, rezei um terço com a família dele, varri casa, cortei grama do jardim, fiz comida, almocei, lavei louça e já querem rezar outro terço às seis da tarde. Você tem meia-hora para chegar aqui. Ou esquece que eu existo!

E eu fui. Óbvio.

Como esquecer que ela existe, se a existência dela - e das outras  primas - me diverte tanto? Nunca!

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