quarta-feira, 8 de maio de 2013

Esse cara sou eu (ou não)

Hoje de manhã, quando eu estava no meio da minha meditação, percebi que não tinha colocado o celular para vibrar. E a bosta do aparelho não parava de tocar. Acabou com a minha paz!

Atendi soltando fogo pelas ventas.

Adalberto: Alô.

Marjorie: Que voz é essa? Não estava acordado? Você acorda sempre muito cedo.

Adalberto: Eu acordo sempre muito cedo para fazer meditação. Graças a você, que me apresentou aquele guru lá de Botafogo.

Marjorie: Que bom. Eu mesma nem tenho feito, sabia? Vai ver por isso, eu ando tão nervosa ultimamente.

Adalberto: Me ligou só para falar isso?

Marjorie: Não. Quero que você venha me buscar na casa do Aldemárcio.

Adalberto: Eu? O cara usa o teu corpinho e, depois, não quer fazer delivery? Lamento. Deixa eu voltar para a minha meditação. Aliás, eu vou correr, porque meditação, agora, nem vai mais adiantar.

Marjorie: Primo, eu estou doente. Com muitas dores no corpo. E o Ademárcio não cuida bem de mim.

Adalberto: O que você está sentindo?

Marjorie: Dores no corpo, febre, dor de garganta... Sintomas de gripe.

Adalberto: Então, você tem que tomar remédio e ficar de repouso. Não tem que ter um cuidado especial.

Marjorie: Eu sei que não. Mas quando a gente está doente, a gente quer carinho. E o Ademárcio não me dá carinho. Só me dá canja. Não aguento mais tomar canja, primo. Me tira desse lugar. Só você, no mundo, sabe cuidar bem de mim.

Adoro quando falam que só eu, no mundo, sei fazer alguma coisa. Isso me compra na hora.

Adalberto: Estou indo aí te buscar agora. Não sai daí.

Marjorie: Obrigada, Adal. Te amo.

Fui correndo livrar minha prima das garras desse Ademárcio. Me senti um super-herói.

Cheguei na casa do cara, imaginando que fosse travar uma luta com ele, com socos e pontapés para conseguir resgatar minha prima... Mas nada disso aconteceu. Ele nem estava em casa. E eu caí na real.

Melhor assim. Eu nem me garanto tanto no braço.

E fizemos uma fuga completamente sem emoção.

Marjorie: Primo, eu falei com a Lu, enquanto você estava vindo. Ela não foi trabalhar. Está arrasada em casa. Vamos lá para a casa dela?

Adalberto: Ah, Jojô. Eu tenho mil coisas para fazer ainda hoje.

Marjorie: Ela disse que precisa da gente. E que só você é capaz de colocar um sorriso no rosto dela.

Só eu? Era tudo o que eu precisava ouvir.

Adalberto: Vamos, sim. Depois, eu resolvo o que tenho para fazer.

Na casa da Lu, o chororô era o mesmo.

Lu: Vocês acreditam que, ontem, no teatro, o Jonalzélio ficou olhando para uma mulher pelada?

Marjorie: Como assim:

Lu: A atriz lá, em cima do palco, tirava a roupa num momento da peça. E ele não tirou o olho dela.

Adalberto: Mas, Lu, ele estava olhando o espetáculo como um todo.

Lu: Foi isso que ele me disse! "Estou olhando o espetáculo". E eu virei a mão na cara dele com o teatro lotado. Espetáculo sou eu!

Eis que a campainha da casa da Lu toca. Era a Ane também com dor de cotovelo.

Ane: Primo, me abraça.

Adalberto: O que foi?

Ane: Eu falei a semana toda para o Rodonaldo, que eu ia fazer uma balaiagem no meu cabelo. Você acredita que ele nem percebeu?

Acredito. Eu também não tinha percebido.

Adalberto: Que idiota. Está na cara que você fez balaiagem. Ficou linda, prima.

Ane: Eu sabia que você ia perceber. Você é o melhor do mundo primo.

Melhor do mundo? Era tudo o que eu precisa ouvir para inflar ainda mais o meu ego!

Lu: Agora vê, esses homens são uns idiotas, né?

Ane: O pior foi que, quando eu falei com ele: "Hello, não vai falar o que achou do meu cabelo, não?". Ele disse: "Ah, nem mudou muito". Ele não tem noção de que eu gastei duzentos reais para fazer o meu cabelo.

E, para fechar com chave de ouro, o meu celular tocou.

Adalberto: Oi, Sarita.

Sara: Primo, vem aqui para a minha casa.

Adalberto: Amore, eu estou com as meninas aqui na casa da Lu.

Sara: E quero chorar. O Oswaldo disse que o meu ensopadinho não é mais o mesmo. Eu senti vontade de jogar tudo na cara dele, mas me contive.

Adalberto: E cadê ele?

Sara: Saiu. Foi levar os trigêmeos no parquinho.

Adalberto: Você não quer vir para cá?

Sara: Não. Queria que vocês viessem aqui em casa. Eu estou com um nó na garganta, por não ter dito nem feito nada com o Oswaldo. Vem aqui, primo. Só o seu ombro amigo para me deixar tranquila.

Só? Caraca! Eu sou o cara. Aliás, esse cara sou eu!

Nem hesitei. Peguei as outras primas e fomos todos encontrar com a Sara.

Comemos o ensopadinho que o Oswaldo desdenhou e bebemos todas as cervejas dele, que estavam na geladeira. A Marjorie já nem sentia mais dores no corpo. O problema dela devia ser falta de carinho mesmo.

Depois de bêbadas, as primas se declararam ainda mais para mim. E eu estava todo, todo...

Nem sei se eu é que sou um bom apoio para elas. Ou se elas é que são o meu melhor alicerce.

Não importa. Do jeito que está, está bom demais!

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