Eu estava assistindo ao Arquivo Confidencial da Patrícia Poeta no Faustão, quando a Marjorie me ligou, contando uma notícia bizarramente fantástica.
Marjorie: Eu acabei de jogar as cinzas da mãe do Feliciano em cima dele.
Adalberto: Como assim?
Marjorie: Ele esqueceu uma caixinha aqui em casa, com um pó dentro, mas eu não sabia que eram as cinzas da mãe dele. Achei que era sujeira, joguei pela janela e caiu, exatamente, em cima dele.
Se não fosse a minha prima me contando, eu juro que iria achar que isso era piada.
Adalberto: Que triste. Aliás, depois dessa, ele tem que mudar o nome dele de Feliciano para Tristiano.
Marjorie: Adal, é sério.
Adalberto: E aí?
Marjorie: Aí, que ele lembrou que esqueceu as cinzas da mãe dele aqui em casa e está subindo para buscar. Ainda bem que está sem luz aqui no prédio. Ele vai ter que subir de escada.
Adalberto: Deixa eu te fazer uma perguntinha: o que é que ele foi fazer com as cinzas da mãe dele aí, na tua casa?
Marjorie: A mãe dele morreu. Mas depois eu te conto melhor. Me ajuda. Me diz o que é que eu faço?
Adalberto: Ué, não sei. Cozinha um pouco de farinha de trigo na panela pra ficar moreninha. Acho que dá uma enganada.
Marjorie: Eu não tenho farinha de trigo aqui em casa.
Adalberto: Tem pão duro? Faz farinha de rosca mesmo.
Marjorie: E como é que eu vou ligar o liquidificador, se não tem luz?
Adalberto: Fuma um maço de cigarro inteiro e junta as cinzas.
Marjorie: Não vai dar tempo. E eu não tenho pulmão pra isso.
Adalberto: Varre a casa. Tem sempre uma poeirinha, que a gente não vê.
Marjorie: A empregada encerou a casa ontem. Está limpíssima. Ih, é ele!
De tão nervosa, ela nem se despediu de mim. Bateu o telefone na minha cara e foi atender o Feliciano. Só fui ter notícia da Marjorie três dias depois. Ela me surpreendeu de mala e cuia aqui, na porta do meu apartamento:
Adalberto: O que é que houve?
Marjorie: Você nem me ligou pra saber do Feliciano.
Adalberto: Você que bateu o telefone na minha cara. De mais a mais, no dia seguinte, eu fui pra São Paulo a trabalho e só voltei hoje. Cheguei agorinha. Você deu sorte.
Marjorie: Posso ficar morando aqui por tempo indeterminado?
Putz!
Adalberto: Pode. Mas o que é que houve?
Marjorie: Naquele dia, eu acabei contando pro Feliciano a verdade.
Adalberto: Que você jogou as cinzas da mãe dele pela janela?
Marjorie: Falei. Mas fiz uma chantagenzinha emocional. Não fui tão direta.
Adalberto: Lógico. E ele?
Marjorie: Ele ficou comovido. Tinha acabado de perder a mãe...
Adalberto: Coitado. E aí?
Marjorie: Aí que nós transamos com ele todo sujo com as cinzas da mãe.
Adalberto: Mentira? Isso se chama ménage à trois.
Marjorie: Ai, nem me fala. Desde, então, eu ouço sons, quando vou dormir.
Adalberto: Isso se chama praga póstuma de sogra. Praga, não, né? Deve ser a tua própria sogra que está te atentando agora.
Marjorie: Pois é, eu também acho. E estou morrendo de medo disso.
Adalberto: Pior é se ela vier atrás de você aqui em casa. Morro de medo dessas coisas. Não tem outro lugar pra você dormir, não?
Marjorie: Ai, primo.
Adalberto: Estou brincando.
Marjorie: Não está nada, seu cagão.
Adalberto: Olha quem fala. Se borrando de medo...
Marjorie: Amanhã, eu vou a um centro espírita. Quero pedir desculpas para ela. Vamos comigo?
Adalberto: Eu, não. Vai na fé, prima.
E ela foi. Com fé ou sem fé. Com medo e coragem. E no mesmo dia, teve uma resposta da sogra, que a deixou mais tranquila. A ponto de vir buscar sua tralha aqui em casa.
Adalberto: E aí?
Marjorie: Ela disse que não vai mais me perturbar, contanto que eu me afaste do Feliciano.
Adalberto: Que espírito de porco.
Marjorie: Não fala assim! Essa mulher é vingativa!
Adalberto: É verdade. Desculpa você aí! Como é que é mesmo o nome dela?
Marjorie: Esqueci.
Adalberto: Droga. E o que você vai fazer?
Marjorie: O que ela mandou. Me afastar do Feliciano.
Adalberto: Mas você não disse que estava amarradona nele?
Marjorie: E estava mesmo. Mas, depois, dessa, eu vou colocar meu rabinhos entre as pernas e tirar meu time de campo.
E foi isso que ela fez. Tirou o time de campo da minha casa e da vida do Feliciano naquele mesmo dia. Achei que ela se contentou muito fácil com a determinação de uma pessoa, que eu nem tenho certeza que tinha incorporado a sogra dela. Bom para ela, que, assim como eu, morre de medo de espíritos. Acho até que nesse caso, a Marjorie saiu no lucro. Eu sei é que, desde então, ela me garantiu que não ouve mais vozes, quando vai dormir. Que assim seja!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Adal....Adalzinho!!! vc se superou!!!!kkkkkkkkkkkkk Meninu!!!!! Depois te ligo!!!! vc tá "encapetado!' não encarpetado!!!! AMEI!!!!
ResponderExcluirahahahahahahahahaha. brigado!
ResponderExcluir