segunda-feira, 29 de março de 2010

O Facebook da discórdia

Eu estava atualizando o meu álbum do Facebook, quando recebi uma ligação da Sara:

Adalberto: Alô.

Sara: Adal, o que é Facebook?

Adalberto: Ué, você colocou alguma câmera escondida aqui em casa?

Sara: Eu, não. Por quê?

Adalberto: Porque eu tô, exatamente agora, mexendo no meu Facebook. Tô colocando uma foto sua, inclusive.

Sara: Você achou minha foto com o Borges?

Adalberto: Borges? Quem é Borges?

Sara: É o chefe da Nathália. Aquela minha amiga de São Paulo, que mora aqui no Rio.

Adalberto: Eu sei quem é.

Sara: Então, eu fui, ontem, almoçar com ela.

Adalberto: Tá. E daí?

Sara: Fui no trabalho dela. Ela mandou eu entrar na sala dela e você não vai acreditar no que vi.

Adalberto: O quê?

Sara: Ela pregando botão da camisa do chefe dela, esse Borges, que eu te falei.

Adalberto: E qual o problema disso?

Sara: Ele estava lá, sem camisa esperando. E pior: ele é gordo à beça.

Adalberto: Engraçado isso.

Sara: Engraçado, nada. Eu não conseguia olhar para cara dele sem camisa e fiquei olhando pra baixo, mas na direção dele. E ele achou que eu estava olhando pro pau dele.

Adalberto: Por quê?

Sara: Porque eu não conseguia olhar pro rosto de um cara sem camisa, dentro de uma multinacional. Só fui perceber a gravidade da coisa quando a coisa dentro da calça dele foi tomando volume.

A Sara fala de um jeito tão engraçado, que dá vontade de não levar a sério.

Adalberto: E aí? Curtiu?

Sara: Para de bobeira, Adal. O cara mandou a Nathália tirar uma foto minha com ele e disse que vai botar no Facebook. Por isso que eu tô te ligando. Me explica esse negócio de Facebook.

Adalberto: Facebook é um Orkut de salto alto. Eu gosto.

Sara: Mentira. Alguém já me falou que esse negócio de Orkut só serve pra expor a vida dos outros.

Adalberto: Depende. Mas é, mais ou menos, por aí mesmo.

Sara: Ai, meu Deus. Eu posso processar o Borges por uso indevido de imagem?

Adalberto: Claro que não. Você aceitou tirar foto com ele. A não ser que ele fizesse alguma sacanagem com você.

Sara: Mas vai fazer. Vai acabar com o meu casamento. Você viu aí a foto, que a Nathália tirou?

Adalberto: Sara, isso não é assim. Cada pessoa que tem cadastro no Facebook pode gerar um ou mais álbuns de fotos. Colocar uma foto sua no Facebook, não quer dizer que todo mundo vai te ver.

Sara: Mas se o Oswaldo vir uma coisa dessas, o meu casamento acaba.

Adalberto: Ele não vai ver. Tem gente do mundo inteiro no Facebook. E o Oswaldo tem Facebook, por acaso?

Sara: Não sei. O que você acha?

Adalberto: Essa pergunta foi despretensiosa ou capciosa?

Sara: O que você tá sabendo do Oswaldo? Me fala.

Adalberto: Sara, não começa com esse ciúme doentio. Eu não sei de nada.

Sara: Se não soubesse não iria querer saber se a minha pergunta era capciosa.

Adalberto: Sara, eu falei isso brincando.

Sara: Eu vou colocar você e ele de frente.

Adalberto: Não faça isso. Já te falei que eu não sei de nada. Eu não tenho nada a ver com o relacionamento de vocês. Se você não confia nele, não inventa um motivo. E não me coloca no meio disso. Acaba com esse casamento pronto!

Sara: Desculpa, primo.

Ela estava chorando, tadinha.

Adalberto: Tá chorando?

Sara: Não.

Estava, sim! Estava soluçando e tudo.

Adalberto: Desculpa se eu fui grosso com você.

Sara: Não. Tudo bem.

Adalberto: Quer uma sugestão?

Sara: Tá.

Adalberto: Abre um Facebook, um Orkut, um Twitter e um MSN e desfrute das maravilhas, que as redes sociais virtuais podem te propiciar. Esquece esse Borges e não fica imaginando o que o Oswaldo faz ou deixa de fazer, qaundo vocês não estão juntos.

Sara: Mas rede social não é coisa de gente casada?

Caralho! O Oswaldo acabou de me adicionar no Facebook! Eu não vou aceitar, óbvio!

Adalberto: É verdade. Faz o seguinte: não pisa em terreno que você não conhece. Manda um e-mail pra Nathália e vê se ela tem como deletar a foto da máquina.

Sara: Eu vou ligar pra ela.

Quinze minutos depois:

Adalberto: Fala, amore mío.

Sara: Você não vai acreditar.

Adalberto: O tal do Borges já colocou sua foto no Facebook.

Sara: Colocou mas tirou. A mulher dele mandou tirar. A Nathália me contou.

Adalberto: Que notícia boa. Você tá bem, hein prima. Provocando ciúme na mulherada.

Sara: A Nathália me falou que a mulher dele é rainha de bateria. Como é que ela vai ter ciúme logo de mim? O Borges que deve ser um safado mesmo.

Nisso, a Sara devia ter razão. Acho a minha prima muito bonita, mas uma rainha de bateria é uma rainha de bateria. O Borges que deve ser um safado mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário