Eu estava terminando de estender a roupa no varal num desses sábados de chuva, de março, quando a Ane me ligou:
Ane: Oi.
Adalberto: Oi.
Ane: Tá podendo falar?
Adalberto: Tô.
Ane: Tá com uma voz estranha...
Adalberto: Eu estava lavando roupa... Deve ser por isso.
Ane: Ai, Adal, tô numa crise existencial...
Adalberto: Rimou!
Ane: O quê?
Adalberto: Adal com crise existencial.
Ane: É sério!
Adalberto: Quer sair, vir pra cá, fazer alguma coisa diferente?
Ane: Acho que talvez...
Adalberto: Achar já é não é ter certeza. Achar que talvez, então...
Ane: Sei lá, pode ser...
Adalberto: Agora, você trocou seis por meia-dúzia!
Ane: Pra você ver como eu não tô muito certa. Sem resposta concreta.
Adalberto: Rimou de novo!
Ane: Para! Que saco! Você tá muito chato!
E ela não para de rimar...
Adalberto: Desculpa, meu amor! Mas então?
Ane: Vamos.
Adalberto: Sair?
Ane: É. Não é isso que você quer?
Rimou de novo!
Adalberto: Foi a minha sugestão. Pra onde podemos ir?
Ane: Não sei. Quem convida é que manda.
Adalberto: Vamos dar uma caminhada na Pista Cláudio Coutinho?
Ane: Ah, não. Nada de exercício aeróbico por hoje, primo. Hoje é sábado! Quero fazer alguma coisa diferente...
Adalberto: Então, fala, ué. Você disse que quem convida é que manda e, quando eu sugiro alguma coisa, você não quer fazer...
Ane: Ai, primo, você tá tão grosso...
E ela, sem rimar, estava tão chata!
Adalberto: Não é isso. Eu só tô tentando te ajudar. O que eu não posso é adivinhar o que você quer fazer. Posso passar aí pra te pegar, e você vai pensando no que a gente vai fazer?
Ane: Não. Não quero essa responsabilidade pra mim. Ainda mais hoje, que eu tô meio assim...
Ih, pronto! Voltou com tudo! Prendi o riso.
Adalberto: Então, o que a gente faz?
Ane: Nada. Fica cada um na sua e a amizade continua.
Depois dela encher a minha paciência pra nada, não resisti:
Adalberto: Rimou!
Ela bateu com o telefone na minha cara! Melhor assim. A Ane só funciona quando tem certeza.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário