sexta-feira, 12 de março de 2010

Olha só como é que eu... tomei um susto da Ane!

Só faltava a Ane chegar pra gente atacar o pudim acetinado que a Marjorie preparou. É, a Marjorie é daquelas que promove um evento, quando consegue realizar uma proeza dessas. Afinal de contas, cozinha, definitivamente, não é o lugar dela.

Ane: Cheguei!

Sara: Eu já estava quase indo embora. Tenho que preparar a janta do Oswaldo.

Adalberto: Tá toda esbaforida! O que é que aconteceu?

Ane: Eu conto! Mas só se for numa partida de "olha só como é que eu alguma coisa".

Marjorie: Oba! Já estava com saudade de brincar de "olha só como é que eu alguma coisa".

Lu: Tá bom, mas a gente pode brincar de "olha só como é que eu alguma coisa", comendo esse treco que a Marjorie fez?

Adalberto: Mandou bem! Não tô resistindo a esse pudim de azeite!

Lu: É de azeite essa bodega?

Adalberto: É. Pudim azeitinado... Só pode ser de azeite!

Sara: Ih, eu não vou gostar disso, não!

Ane: Também, não! Tô fora.

Marjorie: Bobo! Gente, vocês vão acreditar em Adalberto Monteiro Neto? É pudim acetinado! Não tem nada a ver com azeite! Me admiro você, hein, dona Sara! Acha que eu vou fazer pudim de azeite? E existe isso?

Sara: Sei lá, vocês são tudo doida!

Marjorie: Porra, mas o dia que eu fizer um pudim de azeite, me interna!

Adalberto: Hum, bom!

Lu: Tu não merecia comer, não! Cretino, safado!

Marjorie: É! Cospe fora! Cospe!

Adalberto: De jeito nenhum, ó, engoli!

Sara: Tá ótimo mesmo, prima.

Ane: Tá mesmo. Bonzão!

Lu: Me dá a receita depois?

Marjorie: Tá. É moleza de fazer. E no melhor é que ele não vai ao forno.

Sara: Não?

Marjorie: Não. Ele endurece na geladeira.

Ane: É bom que não corre o risco de queimar nunca, gente!

Marjorie: Por isso que eu amei isso! Esse é o pudim da minha vida.

Sara: Gente, eu tenho que ir.

Adalberto: Espera! Vamo começar o "olha só como é que eu sou alguma coisa"!

Lu: Quem começa?

Marjorie: A Ane! Tô morrendo de curiosidade pra saber o que aconteceu com ela.

Lu: Vai, então, Ane!

Ane: Tá bom. Olha só como é que eu... sou desprendida de certos pudores: saí do trabalho mais cedo prum open house de uma amiga. Quando cheguei lá, estava todo mundo pelado, e eu achei que eu estava num ensaio do Spencer Tunick. Obviamente, não era.

Lu: Quem é esse homem?

Adalberto: É aquele cara que faz foto de um montão de gente pelada.

Lu: Babado...

Ane: Eu me senti obrigada a aderir...

Marjorie: Hã! Não acredito!

Sara: Meu Deus!

Ane: Calma! Não foi fácil, assim, como vocês pensam. Eu tive que ficar de pilequinho. Aliás, pilecão, porque eu apaguei e, quando acordei, vi estava com-ple-ta-men-te sem roupa!

Ane ria sozinha, enquanto eu, Marjorie, Lu e Sara ficamos de queixo caído. Houve uma tentativa pra tentar quebrar o choque:

Sara: Sou eu agora. Olha como é que eu... não sou uma dona-de-casa perfeita: aprendi uma torta de chocolate no programa da Ana Maria Braga. Só que, em vez de açúcar, eu coloquei sal. O Oswaldo faltou me matar...

Eu, Lu e Marjorie ainda estávamos de queixo caído, com o que a Ane acabara de contar.

Marjorie: Peraí, Sara, a brincadeira acabou. Ane, vai agora fazer um exame de corpo de delito!

Adalberto: Vai agora fazer um exame de sangue!

Lu: Vai agora fazer um teste de gravidez na farmácia!

Ane: Ai, gente!

Marjorie: Ai, gente, não! Você não tem noção do risco em que você se meteu, não, é?

Lu: Aí, depois, vão dizer: tadinha, morreu cedo. Tadinha nada! Só faz merda!

Sara: Se eu conto uma coisa dessa pro Oswaldo, ele me proíbe de andar com vocês.

Ane: A brincadeira pra mim acabou. Tô indo pra casa. Tchau!

Uma semana depois, estávamos todos no mesmo lugar, brindando à vida e à saúde da Ane, com um bom vinho e o tal do pudim acetinado como acompanhamento. Ela não estava grávida nem com AIDS. Ufa!

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