Fui a trabalho para Ribeirão Pires. Minha prima Ane foi quem me levou ao aeroporto do Galeão. Desembarquei em Congonhas e lá, um motorista da empresa já estava me esperando. Mas enquanto eu ainda estava com a minha prima:
Ane: Só você mesmo pra me fazer sair do Humaitá, às 6h, vir pro Recreio e te levar pra Ilha do Governador!
Adalberto: Não sabia que você tinha saído de casa atrasada. Quando eu te liguei, às cinco e meia, você me disse estava passando em frente ao Rio Sul.
Ane ficou vermelha de vergonha.
Adalberto: Viu como a gente pega neguinho na mentira?
Ane: Ai, Adal...
Adalberto: Ai, Adal, não. E se eu perder o voo?
Ane: Não vai, não.
Adalbertto: Também acho que não. A Linha Amarela parece que tá conspirando ao meu favor...
Ane: Primo, mas que viagem é essa, hein?!
Adalberto: É... Ribeirão Pires.
Ane: Eu nunca ouvi falar sobre esse lugar!
Adalberto: Então, você não viu o Jornal Nacional ontem.
Ane: Não. Fui jantar com um executivo de uma empresa lá de Curitiba, que alugou uns carros lá da empresa.
Adalberto: E aí?
Ane: Não! Ele tem 65 anos.
Adalberto: Mas eu não tô perguntando se você pegou o cara. Só queria saber como foi.
Ane: Chato, né? Ele ficou falando da mulher dele a noite toda.
Adalberto: É o amor!
Ane: É... Que inveja da mulher desse homem!
Adalberto: Um dia você vai arrumar o seu, Ninica. Fica tranquila.
Ane: Vamo falar Ribeirão Pires, que vai render mais...
Adalberto: Então, eu vou pra lá, num projeto da empresa, mas não sei quanto tempo vou ficar.
Ane: Quer saco isso!
Adalberto: Mas eu volto pro Rio nos fins de semana.
Ane: Menos mal.
Adalberto: É...
Ane: Mas me conta por que Ribeirão Pires já virou notíciado Jornal Nacional! É porque você tá indo pra lá?
Adalberto: Não. É porque o prefeito de lá decretou estado de calamidade pública na cidade.
Ane: Jura?
Adalberto: Juro.
Ane: Mas por quê?
Adalberto: Por causa das chuvas.
Ane: Tá levando a sua prancha de surf?
Adalberto: Não, mas tô levando uma quantidade considerável de boias infláveis.
Ane: Não, falando sério... Que bizarro isso, hein!
Adalberto: Eu nunca tinha ouvido falar nessa cidade, até um dia antes de eu ter que viajar pra lá. E olha que notícia legal!
Ane: Estado de calamidade pública!
Ane riu do seu próprio comentário e o pior: da minha desgraça.
Adalberto: Não ri, não, tá? Quero ver como você vai fazer pra viver sem mim?
Ane: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes!
Adalberto: Vou entoar esse mantra sempre que chover lá Ribeirão Pires. Quando alguém falar: "Olha a chuva!"...
Ane: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes!
Adalberto: Isso aí!
Ane: Ai, que pena que chegamos!
Adalberto: É... Queria que essa viagem levasse, pelo menos, um eternidade.
Ane: Tadinho!
Adalberto: Mesmo que, pra isso, eu tivesse que ouvir sobre todos seus relacionamentos falidos.
Agora, eu dei o troco e ri do comentário que fiz e o melhor: da desgraça da minha prima.
Ane: Bobo!
Depois de quase ter que fazer cursinho intensivo pra tirar as malas do carro da Ane, fui dar um beijo de despedida na minha prima.
Adalberto: Tchau, amore. Brigado, tá? Eu nem vou perder o meu voo.
Ane: Que pena... Chegando lá, toma um banho de sal grosso, de canjica e de pipoca, coloca um galhgo de arruda atrás da orelha e entoa a porra do mantra!
Adalberto: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes! Sua filha da puta, eu te amo!
Ane riu por último e riu melhor. De lá, ela foi à praia, porque estava de folga, porque estava sol no Rio de Janeiro e porque, provavelmente, ela precisava ter alguma coisa pra me falar que eu invejasse muito, quando me passou um rádio à noite. Eu estava no quarto do hotel que a empresa me hospedou, assitindo ao BBB e ela, voltando de um chope com as amigas no Jobi. Ela, definitivamente, riu melhor.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
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Relaxa, um dia seremos seres superiores!!
ResponderExcluirApesar que : "Adalba é Phoda!"
Beijo me liga!
Thayná.
Relaxa [2]
ResponderExcluirVc poderia ser militar e estar indo pegar voo para o Haiti. Ele, Angra e Ribeirão Pires estão na moda. Mas prefiro mais a calamidade nacional. :D
Erika.
Thayná, eu amo você!
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