terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes!

Fui a trabalho para Ribeirão Pires. Minha prima Ane foi quem me levou ao aeroporto do Galeão. Desembarquei em Congonhas e lá, um motorista da empresa já estava me esperando. Mas enquanto eu ainda estava com a minha prima:

Ane: Só você mesmo pra me fazer sair do Humaitá, às 6h, vir pro Recreio e te levar pra Ilha do Governador!

Adalberto: Não sabia que você tinha saído de casa atrasada. Quando eu te liguei, às cinco e meia, você me disse estava passando em frente ao Rio Sul.

Ane ficou vermelha de vergonha.

Adalberto: Viu como a gente pega neguinho na mentira?

Ane: Ai, Adal...

Adalberto: Ai, Adal, não. E se eu perder o voo?

Ane: Não vai, não.

Adalbertto: Também acho que não. A Linha Amarela parece que tá conspirando ao meu favor...

Ane: Primo, mas que viagem é essa, hein?!

Adalberto: É... Ribeirão Pires.

Ane: Eu nunca ouvi falar sobre esse lugar!

Adalberto: Então, você não viu o Jornal Nacional ontem.

Ane: Não. Fui jantar com um executivo de uma empresa lá de Curitiba, que alugou uns carros lá da empresa.

Adalberto: E aí?

Ane: Não! Ele tem 65 anos.

Adalberto: Mas eu não tô perguntando se você pegou o cara. Só queria saber como foi.

Ane: Chato, né? Ele ficou falando da mulher dele a noite toda.

Adalberto: É o amor!

Ane: É... Que inveja da mulher desse homem!

Adalberto: Um dia você vai arrumar o seu, Ninica. Fica tranquila.

Ane: Vamo falar Ribeirão Pires, que vai render mais...

Adalberto: Então, eu vou pra lá, num projeto da empresa, mas não sei quanto tempo vou ficar.

Ane: Quer saco isso!

Adalberto: Mas eu volto pro Rio nos fins de semana.

Ane: Menos mal.

Adalberto: É...

Ane: Mas me conta por que Ribeirão Pires já virou notíciado Jornal Nacional! É porque você tá indo pra lá?

Adalberto: Não. É porque o prefeito de lá decretou estado de calamidade pública na cidade.

Ane: Jura?

Adalberto: Juro.

Ane: Mas por quê?

Adalberto: Por causa das chuvas.

Ane: Tá levando a sua prancha de surf?

Adalberto: Não, mas tô levando uma quantidade considerável de boias infláveis.

Ane: Não, falando sério... Que bizarro isso, hein!

Adalberto: Eu nunca tinha ouvido falar nessa cidade, até um dia antes de eu ter que viajar pra lá. E olha que notícia legal!

Ane: Estado de calamidade pública!

Ane riu do seu próprio comentário e o pior: da minha desgraça.

Adalberto: Não ri, não, tá? Quero ver como você vai fazer pra viver sem mim?

Ane: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes!

Adalberto: Vou entoar esse mantra sempre que chover lá Ribeirão Pires. Quando alguém falar: "Olha a chuva!"...

Ane: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes!

Adalberto: Isso aí!

Ane: Ai, que pena que chegamos!

Adalberto: É... Queria que essa viagem levasse, pelo menos, um eternidade.

Ane: Tadinho!

Adalberto: Mesmo que, pra isso, eu tivesse que ouvir sobre todos seus relacionamentos falidos.

Agora, eu dei o troco e ri do comentário que fiz e o melhor: da desgraça da minha prima.

Ane: Bobo!

Depois de quase ter que fazer cursinho intensivo pra tirar as malas do carro da Ane, fui dar um beijo de despedida na minha prima.

Adalberto: Tchau, amore. Brigado, tá? Eu nem vou perder o meu voo.

Ane: Que pena... Chegando lá, toma um banho de sal grosso, de canjica e de pipoca, coloca um galhgo de arruda atrás da orelha e entoa a porra do mantra!

Adalberto: Bate na madeira, pé de pato, mangalô três vezes! Sua filha da puta, eu te amo!

Ane riu por último e riu melhor. De lá, ela foi à praia, porque estava de folga, porque estava sol no Rio de Janeiro e porque, provavelmente, ela precisava ter alguma coisa pra me falar que eu invejasse muito, quando me passou um rádio à noite. Eu estava no quarto do hotel que a empresa me hospedou, assitindo ao BBB e ela, voltando de um chope com as amigas no Jobi. Ela, definitivamente, riu melhor.

3 comentários:

  1. Relaxa, um dia seremos seres superiores!!

    Apesar que : "Adalba é Phoda!"

    Beijo me liga!

    Thayná.

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  2. Relaxa [2]
    Vc poderia ser militar e estar indo pegar voo para o Haiti. Ele, Angra e Ribeirão Pires estão na moda. Mas prefiro mais a calamidade nacional. :D

    Erika.

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