quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Programa furado com o Tchutchucão de merda

Outro dia, estava tomando um chope com uns colegas do trabalho. Era o bota-fora do nosso chefe no Pizza Park, na Cobal do Humaitá. Enchi a cara e, quando estava indo embora...

Sara: Adal!

Adalberto: Sarita!

Sara: Posso saber o que o senhor tá fazendo aqui?

Adalberto: Pode. Vim tomar um chope de bota-fora do meu chefe.

Eu já fui logo sentando à mesa. Achei muito estranho a minha prima, que mora no Méier, estar tomando chope com um homem, que eu nunca tinha visto na minha vida, no Espírito do Chope. Ainda mais a Sara que é toda submissa ao Oswaldo. Cuidei de apurar essa história sem perder tempo.

Adalberto: E você? Tá fazendo o que aqui, senhora Antunes?!

Chamei-a pelo sobrenome do Oswaldo de propósito. E ela entendeu a mensagem:

Sara: Esse aqui é o Oscar. Aquele amigo de infância do Oswaldo lá de Bangu.

Adalberto: Ah...

Sara: Era ele que estava morando na Austrália há seis anos. Agora, voltou pro Brasil e tá morando aqui pertinho.

Adalberto: Ah...

Sara: Vim apresentá-lo para a Ane.

Adalberto: Ah...

Nesse terceiro a último "Ah..." emitido por mim, acabava de rachar a minha cara por inteiro. Tratei de me passar por desligado.

Adalberto: Eu sou tão avoado, que nem tinha visto que você estava acompanhada...

A cara de desdém do Oscar foi a prova de que o meu comentário não convenceu.

Adalberto: Tudo bem? Prazer, Adalberto.

Oscar: Oscar.

Sara: Ele estava falando do filhinho dele, desde a hora que a gente chegou. Tô encantada.

Eu adoro criança, juro!, mas tenho um medo, que não consigo descrever em palavras, de pais que não conseguem falar de outra coisa, que não seja os seus filhos. Tentei fugir de assunto.

Adalberto: Mas e a Ane?

Sara: Então, eu cheguei a encontrar com ela, mas ele teve uma emergência no trabalho e não pôde vir.

Adalberto: Hummm...

Sara: Aí, eu vim, mesmo assim, pra não deixar furo com o Oscar.

Adalberto: Hummm...

Sara: E o Oswaldo vai vir me pegar, depois que sair do trabalho.

Adalberto: Hummm...

Sara: Aliás, já era pra ele estar aqui.

Outro "Hummm..." daria margem a duplo sentido e a Sara iria se corroer de ciúme. Inventei qualquer coisa.

Adalberto: Fica tranquila. Tem uma comitiva internacional das Olimpíadas de 2016, que tá visitando os pontos turísticos da cidade, para checar a segurança durante a noite.

Sara: Hummm...

Com essa resposta da Sara, vi que mandei bem na minha embromation society. Mas, sem ter o que argumentar, o filhinho do Oscar voltou a ser pauta.

Sara: Conta pra ele do seu filhinho falando com você ao telefone.

Oscar: Então, ele é muito inteligente...

Eu dou um doce pra quem disser que tem um filho que é muito burro!

Sara: Ele falou: "papá, cadê vochê?"

Oscar: Não! Foi assim: "papá, papá, onde vochê tá?"

Odeio burro velho que fala imitando neném. Além de eu ter ficado extremamente irritado comigo, por não pensar num assunto, que me salvasse daquilo, tive que fazer um esforço sobrenatural pra não rir da cara do Oscar. Quanto a Sara, ela já não me surpreendia mais com nada, não me irritava, tampouco me fazia sentir vontade de rir.

Adalberto: Ele mora com você?

Oscar: Não. Mora com a mãe lá na Austrália.

Sara: Vai fazer dois aninhos em julho, primo.

Adalberto: Ah, legal...

Sara: Ele sobe na cama e o Oscar finge que tá dormindo...

Oscar: Ah, é! Aí, ele fala assim: "papá, papá, acóida, papá".

Traduzindo: "papai, papai, acorda, papai".

Oscar: Aí, eu não abro o olho. E ele fala "papá moleu?"

Que quer dizer: "papai morreu?".

Sara: Aí, ele abre o olho do Oscar com a mão...

Oscar: Deixa eu contar! Aí, ele abre o meu olho com a mãozinha dele, e eu não aguento e começo a rir. Aí, ele fala "papá tá bibo".

Do portugês: "papai tá vivo".

Sara: Muito esperto ele.

Adalberto: Como é o nome dele?

Oscar: Oscar Júnior.

Adalberto: Ah, legal... Em casa, vocês chamam ele de Júnior?

Oscar: Juninho.

Adalberto: Ah, legal...

Sara: Quando ele entra no carro do Oscar, ele mexe na marcha, no volante...

Oscar: Aciona a seta, o limpador de vidro, liga o rádio...

Sara: Acende o farol...

Oscar: Aciona a luz de alerta, liga o GPS...

Parecia que eu ia dar um prêmio de um milhão pra quem desse mais respostas ao quizz "O que o Juninho faz, ao entrar no carro do Oscar?". Resolvi entregar os pontos:

Adalberto: Ele é muito inteligente!

Oscar: Muito, Adalberto! Se você visse ele dançando a música do Tchutchucão comigo, você não ia acreditar!

Ah, mas não ia mesmo! Um homem daquele tamanho, dançando a música do Tchutchucão com o filhinho de um ano... Fora que essa música já tá datada. É do primeiro "Xuxa só para baixinhos". A Xuxa já lançou a décima edição desse projeto em Blue Ray.

Sara: A ex-mulher dele mandou uns vídeos do Juninho. Antes de você chegar, eu estava combinando de ir à casa do Oscar com o Oswaldo no domingo pra ver. Vamos, primo?

Nem cremado! Mas, claro, eu saí pela tangente:

Adalberto: Ah, que pena, não vai dar. Eu vou ministrar um workshop lá no trabalho, na segunda, e um colega que vai participar da apresentação comigo, vai lá em casa no domingo cedo pra gente montar o trabalho. E isso não tem hora pra acabar.

Oscar: Não tem problema. Ela vai com o Oswaldo lá em casa no domingo e eu marco outro dia com você. Pode deixar que eu não vou enjoar de ver o vídeo do meu filhão!

Adalberto: Ah, tá...

O telefone da Sara tocou. Pedi a Deus pra que fosse o Oswaldo, dizendo que estava todo xexelento e cansado, e que, por isso, não queria sair do carro.

Sara: Era o Oswaldo. Ele disse que tá todo xexelento e cansado, e que não quer sair do carro. Falou que é para a gente encontrar com ele lá fora, Oscar.

Ufa!

Oscar: Tudo bem. Eu também tenho que acordar cedo amanhã. Não ia poder ficar muito tempo aqui. Já era pra eu estar dormindo a essa hora.

Por que ele não falou isso antes?

Sara: Esqueci de falar que você estava aqui, primo. Quer ir lá com a gente?

Adalberto: Não. Eu também tô com pressa, também tenho que acordar cedo amanhã, também não posso ficar mais um segundo aqui e também já deveria estar dormindo a essa hora.

Sara: Nossa, tá tarde mesmo. Vou matar o Oswaldo se ele não me der uma boa explicação pelo horário!

Não por isso. Mas por ele ser amigo desse Tchutchucão de merda.

Que sorte a Ane teve em não poder ir a esse encontro!

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