quarta-feira, 2 de junho de 2010

Kaká Coxão não tem a mesma sorte que a Pretty Woman

Eu estava vendo pela milésima vez o filme "Uma linda mulher" na Sessão da Tarde, num sábado, quando recebi uma ligação da Ane.

Ane: Tá podendo falar?

Adalberto: Tô.

Ane: As meninas estão vindo aqui pra casa. Queria que você viesse também.

Adalberto: É coisa séria?

Ane: É. Muito séria.

Não devia ser coisa séria. Mas, entre ver um filme pela milésima vez e encontrar com as minhas primas, que vivem situações dignas de cinema, preferi partir pro Humaitá, pra casa da Ane. Quando cheguei, já estava todas lá:

Adalberto: Que caras são essas?

Marjorie: O Kaká Coxão tá mal.

Sara: Muito mal.

Ane: A vozinha dele morreu.

Lu: E ele não consegue mais trepar.

Adalberto: E eu com isso?

Marjorie: Adal, o menino foi criado com a gente.

Adalberto: Tá bom. Coitadinho dele. Ele tá precisando de quê? Ajuda pra enterrar a vozinha? Isso é o que eu posso dar.

Marjorie: A gente já rachou o caixão.

Adalberto: Ah, legal. Fizeram a parte de vocês. Agora, é rezar pra que tudo fique bem.

Ane: Primo, ele é garoto de programa. Como é que ele vai trabalhar agora?

Sara: Ele sustenta uma família.

Adalberto: Gente, já, já ele volta à ativa.

Marjorie: Ele disse pra Ane, que não vai mais fazer programa.

Lu: É culpa, porque ele escondia isso da vó.

Sara: E, agora, que ela morreu, ele não vai mais conseguir.

Ane: E os filhos dele vão ter que sair do colégio particular.

Marjorie: Ele não vai ter como pagar o aluguel.

Ane: O casamento dele vai acabar com isso.

Lu: Vai acabar entrando pra vida do crime.

Marjorie: Como as pessoas passar por momentos difícies, né?

Ane: Já deve ter sido uma barra pra ele virar garoto de programa.

Lu: E, agora, ter que deixar de ser...

Marjorie: A gente tá querendo dar uma mesada pra ele.

Sara: Senão, ele vai acabar se matando.

E o silêncio reinou... E, logo após, o choro.

Adalberto: Gente, eu não tô acreditando nisso. Podem parando de chorar. O Kaká Coxão tem a família dele, amigos... Dificuldade todo mundo passa na vida.

Ane: Mas, Adal...

Adalberto: Nem mais Adal, nem menos Adal.

Marjorie: Onde você vai, seu louco.

Adalberto: Tive uma ideia.

Lu: Ai, meu Deus.

Adalberto: Vamos terminar a nossa conversa no bar. Preciso de uma cerveja bem gelada.

Ane: Aqui em casa tem.

Adalberto: Mas não tem o suficiente.

Marjorie: Não é melhor cada um deixar logo algum dinheiro pra Ane entregar pra ele?

Adalberto: Lá no bar a gente faz isso.

Lu: Assim, tudo bem. Eu vou.

No bar, depois do terceiro chope, Ane, Lu e Marjorie já estava fazendo brincadeira com morte da avó do Kaká Coxão.

Lu: Velha filha da puta. Acabou com o nosso pauzionho amigo.

Ane: Eu vou abrir o caixão daquela desgraçada e socar a cara dela, até quebrar os dentes todos.

Marjorie: Vai perder seu tempo. Aquela velha cafona usava dentadura.

Lu: Ó, vamos escrever uma carta e dizer que foi psicografada por algum médim.

Marjorie: Boa. A gente finge que é a vozinha dele falando.

Ane: Dizendo que ela sempre soube da profissão respeitada dele.

Lu: E que, se ele não continuar, ela vai puxão o pé dele de noite.

Sara: Meus Deus... Como essas meninas se corrompem.

E eu não sei? Não foi dessa vez que o Kaká Coxão largou a prostituição. Mas isso, eu já tinha visto 999 vezes em "Uma linda mulher".

2 comentários:

  1. Cara, não conhecia teu blog...mas esse texto que li...me fez rir demais...vou dar uma sapeada por aqui e ler os outros posts...muito bom...

    abração

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