Eu estava vendo pela milésima vez o filme "Uma linda mulher" na Sessão da Tarde, num sábado, quando recebi uma ligação da Ane.
Ane: Tá podendo falar?
Adalberto: Tô.
Ane: As meninas estão vindo aqui pra casa. Queria que você viesse também.
Adalberto: É coisa séria?
Ane: É. Muito séria.
Não devia ser coisa séria. Mas, entre ver um filme pela milésima vez e encontrar com as minhas primas, que vivem situações dignas de cinema, preferi partir pro Humaitá, pra casa da Ane. Quando cheguei, já estava todas lá:
Adalberto: Que caras são essas?
Marjorie: O Kaká Coxão tá mal.
Sara: Muito mal.
Ane: A vozinha dele morreu.
Lu: E ele não consegue mais trepar.
Adalberto: E eu com isso?
Marjorie: Adal, o menino foi criado com a gente.
Adalberto: Tá bom. Coitadinho dele. Ele tá precisando de quê? Ajuda pra enterrar a vozinha? Isso é o que eu posso dar.
Marjorie: A gente já rachou o caixão.
Adalberto: Ah, legal. Fizeram a parte de vocês. Agora, é rezar pra que tudo fique bem.
Ane: Primo, ele é garoto de programa. Como é que ele vai trabalhar agora?
Sara: Ele sustenta uma família.
Adalberto: Gente, já, já ele volta à ativa.
Marjorie: Ele disse pra Ane, que não vai mais fazer programa.
Lu: É culpa, porque ele escondia isso da vó.
Sara: E, agora, que ela morreu, ele não vai mais conseguir.
Ane: E os filhos dele vão ter que sair do colégio particular.
Marjorie: Ele não vai ter como pagar o aluguel.
Ane: O casamento dele vai acabar com isso.
Lu: Vai acabar entrando pra vida do crime.
Marjorie: Como as pessoas passar por momentos difícies, né?
Ane: Já deve ter sido uma barra pra ele virar garoto de programa.
Lu: E, agora, ter que deixar de ser...
Marjorie: A gente tá querendo dar uma mesada pra ele.
Sara: Senão, ele vai acabar se matando.
E o silêncio reinou... E, logo após, o choro.
Adalberto: Gente, eu não tô acreditando nisso. Podem parando de chorar. O Kaká Coxão tem a família dele, amigos... Dificuldade todo mundo passa na vida.
Ane: Mas, Adal...
Adalberto: Nem mais Adal, nem menos Adal.
Marjorie: Onde você vai, seu louco.
Adalberto: Tive uma ideia.
Lu: Ai, meu Deus.
Adalberto: Vamos terminar a nossa conversa no bar. Preciso de uma cerveja bem gelada.
Ane: Aqui em casa tem.
Adalberto: Mas não tem o suficiente.
Marjorie: Não é melhor cada um deixar logo algum dinheiro pra Ane entregar pra ele?
Adalberto: Lá no bar a gente faz isso.
Lu: Assim, tudo bem. Eu vou.
No bar, depois do terceiro chope, Ane, Lu e Marjorie já estava fazendo brincadeira com morte da avó do Kaká Coxão.
Lu: Velha filha da puta. Acabou com o nosso pauzionho amigo.
Ane: Eu vou abrir o caixão daquela desgraçada e socar a cara dela, até quebrar os dentes todos.
Marjorie: Vai perder seu tempo. Aquela velha cafona usava dentadura.
Lu: Ó, vamos escrever uma carta e dizer que foi psicografada por algum médim.
Marjorie: Boa. A gente finge que é a vozinha dele falando.
Ane: Dizendo que ela sempre soube da profissão respeitada dele.
Lu: E que, se ele não continuar, ela vai puxão o pé dele de noite.
Sara: Meus Deus... Como essas meninas se corrompem.
E eu não sei? Não foi dessa vez que o Kaká Coxão largou a prostituição. Mas isso, eu já tinha visto 999 vezes em "Uma linda mulher".
quarta-feira, 2 de junho de 2010
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Cara, não conhecia teu blog...mas esse texto que li...me fez rir demais...vou dar uma sapeada por aqui e ler os outros posts...muito bom...
ResponderExcluirabração
brigado!
ResponderExcluirabs.