Era um feriado religioso, que eu não me lembro qual, quando a Sara apareceu do nada na minha casa:
Adalberto: Amoreca, que surpresa boa.
Sara: Ai, primo, nem te conto...
Adalberto: Ah, conta!
Sara: Fui lá naquela taróloga do Engenho de Dentro.
Adalberto: É? E aí?
Sara: Aí que ela me disse que o Oswaldo me ama.
Adalberto: Se você me pagasse, eu ainda te falaria mais.
Sara: É? O quê?
Adalberto: Que ele te ama, que ele te admira, que você é a pessoa mais importante da vida dele...
Sara: Ela ainda disse que ele nunca me traiu.
Adalberto: Viu?
Sara: O quê? Você acredita nisso?
Adalberto: Acredito.
Sara: Francamente, né, Adal.
Adalberto: O quê?
Sara: Você acredita mesmo nessa maluca?
Adalberto: Ah, sei lá...
Sara: Você tá sabendo de de alguma coisa? Me conta.
Adalberto: Sarita, eu já te falei mais de mil vezes, que eu não sei de nada. E não acredito mesmo que o Oswaldo te traia.
Sara: Jura?
Adalberto: Juro.
Sara: Tá falando sério?
Adalberto: Tô.
Sara: Então, eu acredito. Mas só porque é você que tá dizendo.
Adalberto: Viu? Se tivesse me pagado, ficaria tudo em casa. Essa taróloga se deu bem.
Sara: Que nada, coitada. Eu sustei o cheque, assim que saí de lá.
Adalberto: Sua louca! Por que você fez isso?
Sara: Porque eu queria ter batido naquela mentirosa. Mas pra evitar agressão, sustei o cheque daquela vigarista.
Adalberto: Não tô acreditando nisso, Sara.
Sara: Eu é que não acreditei em nada do que aquela safada me disse.
Adalberto: Então, por que você foi até lá?
Sara: Porque eu estava intrigada com uma coisas que o Oswaldo anda fazendo.
Adalberto: Mas ela não te esclareceu tudo?
Sara: Ela repetiu tudo o que você acabou de me falar.
Adalberto: Então, faz o seguinte: me dá o dinheiro que você deixou de pagar pra taróloga, porque eu não vim a esse mundo pra ficar dando a minha preciosa opinião de graça. Eu entrei no cheque especial esse mês. Tô precisando de dinheiro.
Sara: Tá bom. Eu vou te emprestar, mas, depois, você me paga.
Adalberto: Pago, sim. Fica tranquila.
Ela só esqueceu que ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Fui até a taróloga do Engenho de Dentro, inventei uma história triste sobre o cheque sustado e quitei a consulta da minha prima. E a Sara nunca mais viu a cor desse dinheiro, que ela me emprestou.
terça-feira, 8 de junho de 2010
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