sábado, 12 de junho de 2010

Nada como um Dia de Santo Antônio, após um Dia dos Namorados chupando dedo e bebendo muita cerveja

Eu estava em casa, vendo programa trash de sábado, da TV aberta, e me divertindo pacas, quando a Marjorie me ligou.

Marjorie: Eu quero cortar os meus pulsos.

Ane: Eu também quero cortar.

Lu: Eu também.

Adalberto: O que é que essas loucas tão fazendo aí na tua casa?

Marjorie: Tá todo mundo aqui querendo cortas os pulsos, ué.

Adalberto: Para de falar besteira.

Ane: Hoje é Dia dos Namorados e ninguém, aqui, deu pra ninguém.

Adalberto: E daí? Vocês se prendem muito a datas.

Marjorie: Lógico. Na Páscoa, eu como chocolate. No Dia dos Namorados, eu quero ser comida.

A Marjorie estava meio alegre. Elas deviam estar bebendo.

Adalberto: Tudo tem sua hora, lindona.

Marjorie: Olha, eu só não tô com inveja da Sara, porque ela é minha prima.

Ane: Eu só não tô com inveja da Sara, porque o Oswaldo é feio pra caralho.

Lu: Eu tô com inveja da Sara.

Elas, com certeza, estavam bebendo! E bebendo muito! Fui pra lá. Antes, passei numa livraria. Quando cheguei, elas já estavam na mão do palhaço:

Adalberto: Minhas coisas mais lindas e encalhadas desse mundo!

Marjorie: Para.

Ane: Não fala isso.

Lu: Vai se fuder.

Adalberto: Trouxe um presente pras três.

Marjorie: Um pras três?

Ane: Porra!

Lu: Que pobreza!

Adalberto: É um livro. Depois que a gente lê, ele fica na nossa cabecinha pra vida toda.

Marjorie: Me dá isso aqui.

Enquanto ela abria, eu senti um frio na espinha:

Marjorie: "Como dormir sozinha numa cama de casal".

Adalberto: Theo Pauline Nestor!

Marjorie: Quer apanhar, senhor Adalberto?

Ane: Por mim, pode jogar fora.

Lu: Por mim, ele enfia no cu.

Adalberto: Que agressividade.

Marjorie: Que maldade a sua.

Ane: Até porque dormir sozinha em cama de casal é a coisa mais normal do mundo pra gente.

Adalberto: É verdade. Mas na livraria não tinha nada parecido com "Como fazer dormir sozinha numa cama de casal sem criar expectativas".

Ane: Você tá muito mal hoje.

Adalberto: Mal se eu desse pra Sara o "Por que os homens mentem e as mulheres choram", do Allan e da Barbara Pease.

Marjorie: Fica falando o nome dos autores...

Ane: Vou botar o nome de todos eles na boca do sapo.

Lu: Vou botar o node deles na macumba!

Adalberto: Coitados.

Lu: Coitada de mim.

Marjorie: Pega lá mais uma cerveja pra gente no congelador, Adal.

Adalberto: Lógico.

E foi assim a noite inteira. Cerveja regada a comentários das minhas bêbedas sobre o Dia dos Namorados. Até que, por volta da uma e meia da manhã, a Lu teve uma ideia que as outras acharam brilhante:

Lu: Vou fazer xixi num saco e vou jogar no primeiro casal feliz que passar lá embaixo.

Marjorie: Apoiada.

Ane: Também quero!

Adalberto: Não, não, não!

Lu: Sim, sim, sim!

Adalberto: Você não vai fazer isso.

Ane: Eu, hein...

Marjorie: Deixa ela, Adal.

Lu: Por que é que eu não vou fazer isso.

Adalberto: Porque já passou de meia-noite e hoje não é mais Dia dos Namorados.

Marjorie: Putz.

Ane: Que merda.

Lu: Fudeu. E agora?

Adalberto: Agora já é Dia de Santo Antônio, ué.

Marjorie: É mesmo!

Adalberto: E se eu fosse vocês, ia pra cama dormir, pra acordar bem cedinho, ir pra Paróquia de Santo Antônio e pedir pra que, no próximo ano, vocês já estejam dormindo de conchinha na cama de casal.

E não é que deu certo? Eu só queria frustrar o plano da Lu em jogar mijo num casal feliz. Mas soube pela Sara que as três acordaram bem cedinho e foram com ressaca e salto alto pra Paróquia de Santo Antônio. E segundo a Sara, elas voltaram cheias de esperança. Nada como um dia após o outro.

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