segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ane mata dois coelhos com uma cajadada só

Há mais ou menos um mês, quando cheguei do trabalho, tomei um banho e, depois, dei uma olhada no meu e-mail pessoal. Tinha uma mensagem da do Facebook, dizendo que a Ane havia me publicado algo em meu mural. Estranho, porque, quando eu saí do trabalho, falei com ela ao celular. Fui ler:

Adalberto: "Primo, esse recado não é pra você, mas é por intermédio de você que ele vai chegar aonde eu quero: Me surpreenda!". Não entendi. Era pra mim?

Liguei pra ela:

Ane: Oi, linduxo!

Adalberto: É pra eu te surpreender?

Ane: Não, seu burro, é pro Fonseca.

Adalberto: Ah, tá.

Ane: Ele falou alguma coisa de mim?

A Ane foi outro dia lá no trabalho e cismou que um colega, que eu nem gosto muito ficou olhando pra ela.

Adalberto: Não.

Ane: Mas você puxou assunto com ele?

Adalberto: Ane, eu não tenho muita afinidade com o Fonseca. a gente mal se fala sobre trabalho.

Ane: Eu não te falei pra virar melhor amigo de infância dele?

Adalberto: Falou.

Ane: Então.

Adalberto: Eu ia ter que nascer de novo pra isso acontecer.

Ane: Ai, parece que você odeia o pobre coitado.

Adalberto: Sabe aquela pessoa que adora uma brincadeirinha boba?

Ane: Acho um saco isso.

Adalberto: Ele é assim. Fora que ele é de puxar tapete, não gosta de trabalhar e já tentou me sacanear.

Ane: Ih, deixa pra lá, então. Tem muito homem no mundo. Não vou perder meu tempo com esse idiota.

Isso era o que ela deveria fazer. Mas, como as minhas primas fizeram mestrado em "Surpreender Adalberto", outro dia, estava jantando na casa dela, quando soube da novidade:

Ane: Ele.

Adalberto: Ele o quê?

Ane: Ele acha que tá namorando comigo, mas eu não quero mais.

Adalberto: Você é maluca. Eu te falei que o Fonseca não é boa gente.

Ane: É, eu percebi.

Adalberto: E por que você não termina com ele?

Ane: Eu já terminei, mas ele fica fazendo brincadeirinha boba, fingindo que não estava acreditando em mim.

Adalberto: Ele é assim. Sabe que ele já tentaram demitir ele umas três vezes, mas ele com esse jeito bobo dele, conseguiu envergonhar a chefia...

Ane: Ele envegonha a gente na frente de todo mundo!

Adalberto: Com a cara mais lavada do mundo.

Ane: E consegue o que quer.

Adalberto: Ele é assim.

Ane: Ele já me ligou umas quinhentas vezes hoje, mas eu não atendi.

Adalberto: Melhor mesmo.

Melhor nada. O louco apareceu na porta da casa dela do nada:

Ane: Tão me chamando lá fora?

Adalberto: Também ouvi.

Ane: Gente, tão me chamando num microfone lá fora.

Adalberto: E com "The greateste love of all ao fundo".

Ane: Primo, vai ali na janela e vê que porra é essa.

Eu fui. Morrendo de medo, mas fui. Quando a bri a janela soltaram fogos de artifício.

Adalberto: Ane, o Fonseca tá aqui embaixo com um carro de som. Vocês estão fazendo um mês de namoro?

Ane: Sei lá... Te falei que eu não quero mais ele.

Adalberto: O que eu faço?

Ane: Fala que eu não tô.

Depois de alguns minutos sem me fazer ser ouvido, consegui me comunicar com o Fonseca:

Adalberto: Ela viajou. Eu fiquei aqui pra tomar conta da gatinha dela.

Se ele me conhecesse bem, saberia que eu estava mentindo feio. Tenho pavor de gatos.

Fonseca: Então, desce pra representar ela.

Gaguejei três vezes, tentando falar que estava resfriado e não consegui e não consegui completar a frase. Os curiosos começaram a gritar "desce, desce, desce...". E pior que eu desci. Ganhei um buquê de rosas, um casal saiu de dentro do carro pra dançar tango pra mim, mais fogos de artifício e o Fonseca ainda declamou um poema brega pra caramba pra mim. Eu estava ali representando a Ane, claro! Mas, mesmo assim, me senti ridículo por tudo aquilo e, sobretudo, tive vergonha alheia pelo Fonseca.Quando tudo acabou, voltei pro apartamento da Ane, sem, ao menos, me despedir do Fonseca. Fiquei sem reação. A doida ficou uma meia-hora rindo da minha cara:

Ane: Você precisa ver a sua cara.

Adalberto: Ainda bem que ninguém filmou isso.

Ane: Eu filmei.

Adalberto: Hã? Como assim?

Ane: Atrás da cortina, ué.

Adalberto: Deleta isso agora!

Ane: Não sem antes eu chantagear o Fonseca.

Adalberto: Ane, por favor.

Ane: Adal, eu preciso ameaçar ele com esse vídeo. Imagina todo mundo do seu trabalho vendo ele se declarando pra você.

Adalberto: Eu não quero imaginar isso.

Ane: Fica tranquilo. Eu vou mandar uma cópia desse vídeo pra ele com um bilhetinho.

Adalberto: Ane!

Ane: Calma, Adal!

Foi o que eu não tive. No dia que ela enviou a cópia pra casa do Fonseca, eu parei de sentir sono à noite. Felizmente, dois dias depois, tudo estava resolvido. Ela tinha conseguido se livrar do namorado e eu do colega de trabalho mala. Pelo que soube com os outros colegas, ele pediu demissão pra resolver uns problemas pessoais. Tá...

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