Foi na manhã de um sábado como outro qualquer. Eu estava dormindo, quando o celular tocou. Cancelei a chamada, porque achei que era o despertador do aparelho. Mas na segunda vez, já conseguia discernir que era uma ligação que insistia em acabar com a minha paz.
Adalberto: Alô!
Ane: Primo, tô aqui na Praia do Pepê. Vem me buscar agora!
Adalberto: Ane, eu acabei de acordar.
Ane: É urgente. Caso de vida ou morte.
Adalberto: Olha, se esse for caso de vida ou morte, igual a vez que você estava precisando de um rímel, eu te mato!
Ane: Primo, eu tô toda cagada.
Adalberto: Como assim?
Ane: O tal do rotavírus, lembra?
Adalberto: Meus Deus! Só vou colocar uma roupa. Me espera aí.
Ane: Ó, pega uma roupa para mim também. Essa aqui eu vou ter que jogar fora.
Adalberto: Está bem. Beijo!
Ane: Corre!
Lá no Pepê, debaixo de um sol impiedoso, encontrei minha prima jogada na areia.
Adalberto: Garota, o que você está fazendo sentada aí?
Ane: Vim abafar o cheiro de merda.
Adalberto: Está aqui a roupa que você me pediu. Onde você vai trocar?
Ane: Ali no banheiro do quiosque. Mas, antes, eu vou me lavar no mar.
Adalberto: E por que não foi antes?
Ane: E se você não viesse? Tu é mó furão, pô.
Adalberto: Vai logo, então.
Ela parecia um pinto no lixo se lavando no mar. Ficou uns bons 15 minutos lá. Depois, trocou de roupa no quiosque, jogou a roupa cagada fora e fomos pro meu carro.
Adalberto: Adorei você com camiseta masculina e bermuda de tactel.
Ane: Não ri. Ficou melhor do que aquele vestido cagado.
Adalberto: Agora, dá para você me contar o que você veio fazer aqui, no Pepê, àquela hora da manhã?
Ane: Vim atrás Sunglass.
Adalberto: De quem?
Ane: Do Sunglass. Sun-glass!
Adalberto: Ah, você está namorando um óculos escuro agora?
Ane: A gente não está namorando ainda.
Adalberto: E por que você veio tão cedo pra cá?
Ane: Eu queria conversar com ele, antes dele ir surfar.
Adalberto: E cadê ele?
Ane: Ele não veio surfar hoje.
Adalberto: Que merda!
Ane: Ai, primo, nem me fale em merda, que me dá dor de barriga de novo.
Adalberto: Para com isso! Meu carro tá limpinho.
De repente, fomos surpreendidos:
Sunglass: Meu amor!
Ane gaguejou de nervosismo.
Ane: O-oi! Onde você estava? Já tinha me visto aqui antes?
Sunglass: Não. Passei mal a noite toda e acordei tarde. Comi um camarão que não me fez muito bem. Acordei com mó dor de barriga, mas já passou.
Ane: Dor de barriga? Que coisa! Esse aqui é o meu primo, Adalberto.
Sunglass: Belezinha?
Adalberto: Tudo bem?
Sunglass: Era tu que estava na areia com uma louca, que foi correndo pro mar de calcinha e sutiã? Eu vi de lá d quiosque. Morri de rir.
A Ane me deu um beliscão daqueles e eu entendi o recado.
Adalberto: Eu? Não, não era eu não.
Sunglass: Cara, que viagem! Tinha um maluco igualzinho a você, com uma roupa parecida com a tua lá com a maluca.
Adalberto: Mas não era eu, não. Vocês se confundiram.
Sunglass: Podes crer. Já fumei tanto hoje, que devo estar fazendo confusão.
E, assim, descobri que minha prima estava ficando com um surfista maconheiro. Não consegui disfarçar a preocupação.
Adalberto: Cara, você usa drogas?
Pareceu a piada mais engraçada do mundo. O Sunglass não parava de rir. E isso me irritou profundamente.
Sunglass: Cara, tu é muito engraçado.
Adalberto: Eu?
Ane: Ah, ele é superengraçado, sim!
Recebi outro beliscão. Mas não entendi o recado desse. Será que era pra eu confirmar que era, sim, superengraçado ou pra eu ir embora? Fiz os dois.
Adalberto: Eu não ia falar, mas já que você tocou no assunto... Eu sou humorista. Aliás, tenho que ir agora. Vou participar de um quadro no Faustão.
Sunglass: Caraca, no Faustão?
A Ane não entendeu nada. Acho que ela estava acreditando. Acho também que, em vez de humorista, eu poderia investir na carreira de ator.
Adalberto: É, aquela competição de novos humoristas.
Sunglass: Pô, muito legal!
Ane: Muito, né?
Adalberto: Muito mesmo!
Se fosse verdade, não seria tão engraçado! Senti uma vontade louca de me rolar de rir no calçadão.
Sunglass: Agora que eu caso com essa menina, meu brother! Com um primo desses... Quero ver se vai ficar famoso e esquecer dos amigos...
Adalberto: Nunca! Ó, você mora aqui, ó, no coração.
Sunglass: Pô, valeu! Valeu mermo, pô! Abraça aqui, abraça aqui!
Eu, minha prima e o Sunglass nos demos um abraço triplo. Foi bizarro mas é mais uma história daquelas, que a gente guarda na manga pra contar num bar. Fui embora achando a vida uma comédia. E minha prima garantiu esse namoradinho por umas boas semanas. Graças a mim.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
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Não podemos dizer que sua prima seja c... de sorte. Se suja por amor (ou sexo) e namora um surfista muito esperto, mas... tem um primo joinha, joinha! abraço!
ResponderExcluir;-}
Luciano Dias
www.riadaeconomia.com
kkkkkkkkkkkkkkkk! q isso tao bizarro q pensei q no final vc fosse falar q foi um sonho!!hilario!!
ResponderExcluirahahahahahahaha. o Adalberto só é uma escada pra essas primas. joinha é o máximo que ele pode ser. as primas são personagens fictícias, lu.
ResponderExcluirQuando eu leio fico imaginando a cena e o jeito que você fala. uhauhauhuha Fica mais engraçado ainda!!!
ResponderExcluirMais uma muito boa.
Beijos